É verdade, o Natal já está a chegar! Os sinos a tocar, as luzes que brilham, os cânticos de Natal festivos e o papel de embrulho colorido deliciam crianças e adultos. É o período do ano em que abrimos as nossas portas para receber a família, os amigos, o Pai Natal e um simpático parasita disfarçado. Parasita? Sim, de facto: um parasita verde, para ser mais preciso. Não, não me estou a referir ao abominável Grinch, mas a outro convidado tradicional do Natal: o azevinho.
Já terá ouvido falar sobre a influência mágica que um ramo de azevinho pode exercer sobre duas pessoas secretamente apaixonadas. Contudo, poderá não saber que a sua árvore de Natal preferiria fugir desta planta parasítica se pudesse: o azevinho rouba a água e os nutrientes do hospedeiro, o que é bastante grave quando se é uma árvore! De certa forma, o azevinho é para um pinheiro o mesmo que aquele primo egoísta que come todos os teus rebuçados e te tira os brinquedos que acabas de desembrulhar.
O azevinho já existe na Europa há algum tempo, mas o mesmo não se pode dizer dos seus parentes americanos: a gangue dos Arceuthobium ou azevinhos-anões. Preferíamos que ficasse em casa, por isso não traga o raminho de azevinho da sua viagem de Natal a Nova Iorque. Qualquer praga dos vegetais — plantas parasíticas, bactérias, vírus ou fungos — que não esteja estabelecida na União Europeia é um convidado indesejável!
Enquanto comemos o bolo-rei, a União Europeia está a trabalhar de forma proativa para impedir a sua chegada. Porquê? Dados científicos— a base das avaliações de risco realizadas pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) — mostram que algumas dessas pragas poderiam afeiçoar-se demasiado ao nosso clima e às nossas paisagens. E estas pragas têm o potencial de danificar os cereais que comemos, os bosques que nos proporcionam agradáveis passeios ou as flores que enfeitam os nossos jardins.
A lista de pragas prioritárias da UE, para a qual contribuíram os peritos em fitossanidade da EFSA, enumera vinte pragas que poderão ter um potencial impacto económico, ambiental ou social grave. Esta é a lista de convidados que não quer na sua festa de Fim de Ano. A Xylella fastidiosa é uma dessas pragas, uma bactéria que não é assim tão fastidiosa quando se trata de infetar plantas, uma vez que pode afetar mais de 650 plantas hospedeiras, segundo a última atualização da base de dados da EFSA das plantas hospedeiras da Xylella. Tal inclui alguns dos ingredientes que dão sabor ao nosso Natal, como as laranjas, as amêndoas, as uvas, o café e mesmo o vinho!
O seu papel também é importante! Lembre-se: NÃO é permitido trazer plantas, frutas, vegetais, flores ou sementes para a União Europeia sem um certificado fitossanitário adequado. Se lhe apetecer alguma fruta durante o seu voo, poderá considerar alguma das exceções: bananas, cocos, tâmaras, ananás ou duriões. Certifique-se primeiro com a assistente de bordo em relação ao durião, um fruto muito popular que goza da duvidosa honra de ter sido banido do transporte público e de outros espaços na Ásia devido ao seu cheiro desagradável.
As pragas não são uma piada, como podem confirmar os produtores de vinho: em meados do século XIX foram destruídas quase metade das vinhas em França naquele que se recorda como o maior flagelo do vinho francês. O culpado foi o phylloxera, um inseto que atravessou o Oceano Atlântico, como consequência indesejável da melhoria do transporte transatlântico, muito provavelmente em videiras americanas. A vigilância sistemática e harmonizada é fundamental para combater as pragas vegetais emergentes e os peritos da EFSA trabalham arduamente com o objetivo de fornecer a melhor ciência disponível para apoiar as autoridades da UE nos seus esforços. Por isso, este Natal, quando erguer a taça de champanhe, não se esqueça de dedicar um instante às pessoas que se empenham em proteger a saúde das nossas plantas. Tchim-tchim!
Um artigo da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar.
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