Uma vez por semana, utentes da Oásis - Organização de Apoio e Solidariedade para a Integração Social e da Cercilei – Cooperativa de Ensino e Reabilitação de Crianças Inadaptadas de Leiria viajam até ao pavilhão da ESECS, onde durante uma hora e meia se sentem “iguais”, referiu o diretor técnico do Centro de Atividades para a Capacitação e Inclusão da Oásis, Bruno Mourinha.
Esta é uma resposta que não existe na comunidade e que para o coordenador da pós-graduação em Desporto e Atividade Física Adaptados, Raul Antunes, faz todo o sentido.
“A pós-graduação não faz sentido como um elemento isolado. Era importante associar-lhe projetos comunitários. Já temos outros com crianças e este era um que precisávamos de fazer junto das instituições da região. Começámos para já com estas duas, mas a ideia será estender no futuro a outras”, adiantou à agência Lusa Raul Antunes.
“Trazemo-los à nossa escola, ao nosso contexto, para que possam conhecer e interagir com outras pessoas e porque acreditamos que este é o caminho mais lógico da inclusão”, reforçou o docente.
Raul Antunes adiantou que “para a população com deficiência intelectual é muito importante a questão das cores, dos materiais diversificados e de terem contacto com materiais que frequentemente não interagem com eles”.
No entanto, a prática de voleibol ou basquetebol nestas aulas de exercício físico não está excluída, até porque, quando pediram aos utentes para irem buscar bolas, todos se mostraram entusiasmados com aqueles desportos, contou um dos coordenadores do projeto.
Na segunda-feira, a alegria, o entusiasmo e a superação era evidente em cada um dos 14 utentes da Oásis. O grupo de alunos da licenciatura em Desporto e Bem-Estar, que possuem no seu currículo uma cadeira de atividade física adaptada, orientaram diversos exercícios físicos, que todos apreciaram.
“Vamos à piscina ou ao pavilhão, mas o contacto é com o nosso grupo. Nunca conseguimos incluir-nos com os outros”, lamentou Bruno Mourinha, ao reconhecer que na ESECS “estão muito felizes porque se sentem ‘aceites’ e iguais”.
Segundo este responsável, após esta atividade, os utentes “ficam completamente diferentes”.
“Portam-se melhor, ficam mais assertivos e com maior motivação. Eles pedem-nos sempre mais e mais e temos de lhes dar o que pedem”, disse ainda.
“Na semana passada, sentimos claramente que a satisfação deles é muito grande. O prazer e a satisfação que retiram disto é uma variável fundamental”, acrescentou Raul Antunes.
O projeto vai avaliar o impacto que o desporto e a atividade física têm na vida da pessoa com deficiência e na “dinâmica da intervenção que têm nas instituições”.
“O exercício e o desporto são fundamentais para a pessoa com deficiência. Associado a estes benefícios físicos há os benefícios psicológicos e sociais. O fundamental é perceber o que vão conseguir fazer e de que forma é que vamos potenciar isso”, afirmou.
Raul Antunes explicou ainda que o envolvimento dos alunos no projeto é uma forma destes desenvolverem o gosto em trabalhar nesta área.
“É um ‘win-win’ para os utentes da instituição, mas também para os estudantes, que têm uma possibilidade de contactar com uma realidade que, muitas vezes, não conhecem e na qual não se veem a trabalhar. Mas, depois de experimentarem, sai dali o gosto”, referiu.
Para o docente, a participação dos estudantes “tem sido muito positiva” e “até têm demonstrado outro tipo de competências de saber ser e saber estar que não se observa noutras aulas”.
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