Tendo em conta que somos seres emocionais, devemos ter consciência que cada emoção – positiva ou negativa – tem a sua própria função e que todas têm o propósito de nos mobilizar de forma a respondermos às exigências da nossa vida, que requerem uma tomada de decisão.

No entanto, as emoções podem tornar-se problemáticas no momento em que deixam de ser funcionais e em que prejudicam as nossas vidas, o meio circundante e a nós mesmos. E, considerando que são as emoções, sentidas intensamente, que nos levam a agir de forma impulsiva, uma boa gestão emocional pode fazer toda a diferença.

A dificuldade das pessoas em controlarem os seus impulsos pode manifestar-se em qualquer faixa etária e deve-se a uma delicada capacidade de regulação emocional. Assim, coloca-se a questão do que podemos fazer para começar a controlar os impulsos.

Existem inúmeras técnicas e estratégias para treinar a nossa capacidade de controlo acima dos nossos impulsos. Para tal, a primeira ideia que deve atender é que as técnicas só farão sentido se, de facto, reconhecer que tem dificuldades no controlo dos impulsos e decida que quer implementar uma estratégia eficaz para solucioná-las. Se isso não acontecer, nada o irá ajudar, pois o primeiro passo é aceitar quem você é, como se comporta e saber qual é o seu objetivo: manter-se como está ou mudar para uma melhor versão de si próprio(a). E apesar de poder ser um processo lento, é seguramente produtivo.

Primeiro Passo: seja tolerante ao desconforto

Aceite a ideia de que a dor, sobretudo emocional, é inevitável e imprevisível. Se o desconforto existe, temos que saber aceitá-lo, pois está a desafiar a nossa zona de conforto. Imagine que foi picado(a) por um inseto: vai crescer uma borbulha e vai dar coceira. É desconfortável, mas terá que tolerar esse desconforto algum tempo, até colocar uma pomada ou até os sintomas passarem naturalmente. É o mesmo processo nas emoções.

Para aplicar a tolerância ao desconforto, existem alguns passos que pode colocar em prática: distrair-se, relaxar e enfrentar.

Segundo Passo: distraia-se

Tendo por base que as emoções são muito intensas, mas duram pouco tempo, é crucial que se distraia, porque isso fará com que elas diminuam de intensidade pouco a pouco. Pode distrair-se com coisas simples como falar com alguém, ver televisão, ouvir a sua música favorita ou entreter a mente com um jogo mental (contar de 4 em 4 até 100). Também pode dedicar-se a outro tipo de atividade, como jardinar, dar uma caminhada ou tirar fotografias. Distrair-se fará com que a tensão emocional diminua e isso fará com que tenha uma perspetiva distanciada da situação que lhe gerou esse impulso.

Terceiro Passo: relaxe

É importante que tenha tempo para simplesmente fechar os olhos e estar consigo próprio(a). Medite, reflita sobre o seu dia a dia, monitorize os seus comportamentos e comprometa-se a agir contra os impulsos. Ter a mente tranquila exige prática.

Quarto Passo: enfrente

Depois de estar mais calmo e de controlar as emoções, enfrente o problema que as despoletou. Foque-se nas soluções, em vez de ficar focado no problema. Assim, terá a perceção que, afinal tem controlo da situação e que pode mudar o que está a sentir.

Aprender a gerir as suas emoções é imprescindível para o seu bem-estar emocional e físico, porque permiti-lo-á estar mais apto a tomar uma decisão consistente sobre o problema e executar a ação de forma consciente, sem repercussões negativas para si. A ajuda profissional especializada dar-lhe-á ferramentas personalizadas para progredir no seu próprio ritmo.

Um artigo da psicóloga clínica Laura Alho, da MIND | Psicologia Clínica e Forense.