Este tratamento reduziu "significativamente" a proporção de pacientes que tiveram de ser transferidos para os cuidados intensivos ou morreram, em comparação com aqueles que receberam o tratamento padrão, disse a Assistência Pública-Hospital de Paris (AP-HP).
Este é o "primeiro estudo comparativo randomizado" que "demonstra um benefício clínico" deste tratamento em pacientes com COVID-19 que sofreram infeção grave, disseram is seus organizadores durante uma conferência de imprensa virtual.
Esses resultados ainda têm de ser "consolidados" e serão publicados numa revista científica em algumas semanas. A AP-HP explica que decidiu divulgá-los agora "por razões de saúde pública", devido ao contexto da crise pandémica, e comunicá-los às autoridades sanitárias francesas e à Organização Mundial da Saúde (OMS).
O tocilizumabe (Actemra, ou RoActemra), do laboratório Roche, pertence à família de anticorpos monoclonais - anticorpos criados em laboratório, derivados de uma única estirpe de linfócitos e concebidos para responder a um alvo específico.
Geralmente usado no tratamento da artrite reumatoide, funciona bloqueando o recetor de uma proteína do sistema imunitário que desempenha um papel importante no processo inflamatório.
Alguns pacientes com o novo coronavírus sofrem um agravamento repentino da sua condição após vários dias, causando desconforto respiratório agudo. Fenómeno que está, provavelmente, ligado a uma reação imune excessiva do corpo.
Ao todo, 129 pessoas hospitalizadas em 13 hospitais foram incluídas no estudo: pacientes com COVID-19 que sofriam de uma pneumonia "moderada a grave" e que precisaram de assistência com oxigénio.
Esse perfil corresponde a "apenas 5% a 10% dos pacientes infectados" pelo coronavírus, mas estão entre os que correm maior risco de serem submetidos à respiração artificial, ou à morte, disse Xavier Mariette, investigador coordenador do estudo.
Metade dos participantes recebeu uma ou duas injeções de tocilizumabe, além do tratamento padrão (oxigénio, antibióticos e anticoagulantes). A outra metade recebeu apenas o tratamento padrão.
Nesta fase, os investigadores não observaram mais efeitos secundários indesejáveis nos pacientes que receberam o imunomodulador do que naqueles que receberam o tratamento padrão, ressaltou Mariette.
Outras equipas já relataram resultados encorajadores sobre o tocilizumabe, particularmente no Hospital Foch, mas esses estudos ocorreram sem um grupo de controlo randomizado, que não trouxe "o mesmo nível de evidência" e que "não permitem definir um padrão de tratamento", apontaram os investigadores da AP-HP.
O custo atual do tocilizumabe é de cerca de 800 euros por injeção, um preço alto, mas muito mais baixo do que o de um dia de hospitalização numa unidade de cuidados intensivos em França, ressaltam.
Um medicamento comparável, o sarilumabe (Kevzara), desenvolvido pela Sanofi e Regeneron, também está a ser testado no mesmo programa de ensaios clínicos, chamado CORIMMUNO.
Os primeiros resultados devem ser conhecidos "nos próximos dias", de acordo com Mariette.
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