A situação no Velho Continente está, porém, longe da tragédia registada no Brasil, onde a pandemia parece atravessar a fase mais letal e que na quarta-feira registou o segundo recorde diário consecutivo de mortes por COVID-19 - com 1.910 óbitos. O país já superou 259.000 vítimas fatais, o segundo maior balanço em termos absolutos, atrás apenas dos Estados Unidos (mais de 519.000 mortos).
Na Europa, onde a COVID-19 provocou mais 863 mortes e mais de 38 milhões de contágios, segundo o balanço da AFP com base em dados oficiais, o número de novos casos aumentou depois de seis semanas de queda, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Na semana passada, os novos casos de COVID-19 na Europa aumentaram 9%, superando por pouco um milhão. Isto acaba com uma redução promissora de seis semanas", afirmou o diretor para a Europa da OMS, Hans Kluge. "Registamos um ressurgimento na Europa central e leste. Os novos casos também aumentam em vários países do oeste da Europa, onde os índices já eram elevados", completou.
Dos 53 países que integram a região Europa da OMS, que vai até o centro da Ásia, 45 já iniciaram a vacinação.
De acordo com dados compilados pela AFP, na União Europeia (UE, 27 países) 2,6% da população recebeu duas doses da vacina contra a COVID-19 e 5,4% pelo menos uma dose.
A distribuição da vacina é mais lenta que o esperado. Até ao momento a UE autorizou o uso de três imunizantes, da Pfizer/BioNTech, da Moderna e da AstraZeneca/Oxford.
- Sputnik V para 50 milhões de europeus -
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) anunciou esta quinta-feira que começou a examinar a vacina russa Sputnik V, desenvolvida na Rússia, cujas autoridades se declararam dispostas a fornecer doses para 50 milhões de europeus a partir de junho.
"Após a aprovação por parte da EMA, estaríamos capacitados para fornecer vacinas para 50 milhões de europeus a partir de junho de 2021", declarou em comunicado Kirill Dmitriyev, diretor do fundo soberano russo, que contribuiu para o desenvolvimento da vacina Sputnik V contra o coronavírus.
A vacina russa foi recebida com ceticismo pelos países ocidentais, mas está a convencer os cientistas, sobretudo depois de uma publicação da revista The Lancet apontar que a Sputnik V teria eficácia de 91,6% nos casos sintomáticos de COVID-19.
Três países europeus anteciparam-se à aprovação da EMA e encomendaram lotes da vacina russa: Hungria, República Checa e Eslováquia.
Ao mesmo tempo, a Alemanha, Suécia, Bélgica e França autorizaram o uso da vacina da AstraZeneca em pessoas com mais de 65 anos, "uma notícia boa para idosos que aguardam a injeção", segundo o ministro da Saúde do país, Jens Spahn. Portugal estuda essa hipótese.
Além disso, Berlim aplicará uma flexibilização progressiva do confinamento a partir de segunda-feira, que contempla a abertura de locais culturais, caso a incidência permaneça abaixo dos 100 casos por 100.000 habitantes durante uma semana.
E apesar do processo de aprovação de vacinas, muito lento de modo geral, ter registado recordes de agilidade no caso da COVID-19, cinco países decidiram aprovar de forma acelerada as novas gerações de vacinas adaptadas para as variantes do coronavírus.
Reino Unido, Canadá, Austrália, Suíça e Singapura não exigirão uma "nova aprovação completa ou 'longos' estudos clínicos" de novas versões de vacinas anticovid já aprovadas, explicou a agência reguladora britânico MHRA, associada ao consórcio ACCESS com as agências dos outros quatro países.
A decisão é baseada no procedimento que já é aplicado às vacinas da gripe, modificadas a cada ano para enfrentar as novas estirpes do vírus.
- O drama do Brasil -
No mundo, a COVID-19 provocou pelo menos 2,5 milhões de mortes e infetou mais de 115 milhões de pessoas desde a sua deteção na China em dezembro de 2019.
Com recordes de mortes, hospitais à beira do colapso e uma campanha de vacinação lenta, o Brasil vive a fase mais letal da pandemia do coronavírus sem uma estratégia nacional para contê-la.
"Pela primeira vez desde o início da pandemia, verifica-se em todo o país o agravamento simultâneo de diversos indicadores", afirmou esta semana a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao ministério da Saúde.
Trata-se de um "cenário alarmante" com o aumento de casos e óbitos, altos índices de síndrome respiratória aguda grave (SARS) e uma ocupação de mais de 80% das camas das unidades de cuidados intensivos (UCI) em 19 dos 27 estados e o Distrito Federal, explicou a instituição.
Nos últimos sete dias, a média foi de 1.331 mortes diárias, número que até fevereiro se mantinha próxima a 1.100. Desde janeiro, o país não consegue ficar abaixo das mil mortes por dia, como aconteceu entre junho e agosto do ano passado, durante a primeira onda.
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