O presidente do ABC – consórcio formado pelo Centro Hospitalar e Universitário do Algarve e pela Universidade do Algarve, principal responsável pela testagem à COVID-19 na região e no Alentejo -, explicou à agência Lusa que este tipo de testagem, que designou de “amostra de agrupamento”, permite testar 10 pessoas de uma só vez para ver se há positivos.
Segundo Nuno Marques, em vez de se fazer testes amostra a amostra, são “agrupadas várias amostras” e a “alta sensibilidade da técnica” do método permite “detetar na mesma a existência de casos positivos ou casos inconclusivos, no meio de um grupo”, aumentando a capacidade e a rapidez da testagem.
“O grande benefício é que, durante o mesmo tempo de testes, podermos fazer 10 vezes mais testes do que aqueles que poderiam ser feitos, aumentando em muito a capacidade laboratorial e dando uma resposta mais rápida”, argumentou.
Só serão, depois, feitos testes individualmente caso a amostra de agrupamento se revele positiva, sublinhou Nuno Marques, frisando que, em caso de o resultado do grupo ser negativo, todos ficam a saber que estão sem a doença.
”Basicamente, em vez de estarmos a testar um a um, fazemos ‘pools’ — fazemos grupos — e estamos a testar 10 a 10″, sintetizou Nuno Marques, salientando que este método de testagem permite “aumentar muito a capacidade de teste” e o ABC “já tem cerca de 20.000 testes feitos desta forma”.
Nuno Marques disse que o ABC fez estudos para perceber quantas amostras podia testar de uma só vez e verificou que o número de amostras testadas de uma só vez até podia ser maior, mas garantiu que, “por uma questão de segurança completa”, a opção foi por “fazer ‘pools’ de 10 amostras”.
“Estamos a usar este tipo de testes há mais de dois meses, desde o início que percebemos que estávamos a fazer testagens em populações de baixo risco, porque ela só tem sentido para os casos de baixo risco, onde a percentagem de negativos é muito alta”, explicou.
Segundo aquele responsável se a testagem se revelar positiva, será necessário, a seguir, “fazer novamente a PCR [método utilizado para a deteção do vírus] para verificar qual deles é que é positivo”, justificou.
O presidente do ABC reconheceu que, no caso de existirem muitos positivos, “não faz sentido” fazer ‘pool’, mas para rastreio em populações “com um número de casos que se espera baixo”, este método “aumenta a capacidade de testes 10 vezes em termos de tempo consumido”.
De acordo com Nuno Marques, o ABC foi a entidade que começou a fazer esta testagem em Portugal, depois de um estudo produzido na Alemanha com “muito poucos doentes”, e que já foi seguido por outros centros do país.
“Pegámos nele [estudo alemão], desenvolvemos e testámos para ver até onde poderíamos ir em termos se segurança. Até ‘pools’ de 64 é possível ir sem diminuir muito a sensibilidade, mas já começa a diminuir um pouco. Não quisemos arriscar minimamente e, por isso, usámos ‘pools’ de 10″, contou.
Nuno Marques congratulou-se por estes resultados já estarem a ser partilhados com outros países para poderem ser replicados nos seus territórios.
“Tivemos videoconferências com representantes com equipas de Londres e no Reino Unido vão adotar este tipo de testagem com a fórmula que estamos a usar no ABC”, afirmou.
Por outro lado, surgem também informações a dar conta de que outros países, como os Estados Unidos, também estudam a possibilidade de utilizar este método de testagem.
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