Esta posição foi transmitida por Adão Silva na abertura do debate sobre política geral com o primeiro-ministro, na Assembleia da República, depois de ter coincidido com António Costa na análise à gravidade da situação sanitária em Portugal e nos elogios ao "altruísmo" dos profissionais de saúde.

Na parte final da sua interpelação ao líder do executivo, o presidente do Grupo Parlamentar do PSD passou às críticas ao Governo.

"O Governo não cumpriu o seu papel, foi vago, tendo anunciado um confinamento de faz de conta, com tantas e tantas exceções de regras - regras que deveriam ter sido claras, límpidas, entendíveis. O próprio Governo foi o primeiro a reconhecer que as regras não estavam bem delimitadas nem desenhadas e, por isso, de sexta-feira para segunda-feira, foi preciso corrigir aquilo que tinha ficado errado", apontou o presidente da bancada social-democrata.

Em estilo de pergunta, Adão Silva questionou António Costa se reconhece que, no combate à covid-19, "houve falta de planeamento da parte do Governo e se houve um exercício muito de improviso"?

"Há já uma falta de credibilidade da parte do Governo e de vossa excelência em relação aos portugueses? Ou, pelo contrário, há falta de confiança dos portugueses em relação a este Governo?", perguntou.

Estas questões sobre os níveis de credibilidade do Governo António Costa remeteu-as para os "analistas".

"Em setembro, o Governo declarou o estado de contingência; em 15 de outubro, foi decretado o estado de calamidade; em 02 de novembro, pedimos ao Presidente da República que decretasse o estado de emergência. Com grande consenso nacional, o Governo bateu-se para que fosse evitado um novo confinamento geral, porque todos temos consciência do custo desse confinamento", respondeu António Costa.

Depois, o primeiro-ministro invocou palavras que proferiu em abril passado no que respeita à atuação do Governo em relação à contenção da covid-19.

"Num momento em que se preparava o desconfinamento de maio, disse que nunca teria o menor rebuço ou vergonha em dar um passo atrás se as circunstâncias impuserem", observou.

Justificando a realização de dois conselhos de ministros entre sexta-feira e segunda-feira, para a adoção de medidas de combate à covid-19, António Costa alegou que o Governo atuou "tendo em conta aquilo que se estava a ver acontecer, o que exigia uma resposta imediata".

"Quando permitimos a um restaurante que continuasse a funcionar em take-away, nós não estávamos a abrir a porta para que se montasse uma esplanada improvisada para as pessoas estarem à porta a beber café ou tomar uma cerveja. Foi esse sinal claro que quisemos dar. E tomaremos sempre as medidas que em cada momento se justificarem", acentuou.

A pandemia de COVID-19 provocou, pelo menos, 2.041.289 mortos resultantes de mais de 95,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 9.246 pessoas dos 566.958 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.