“Estamos no fim da fase aguda da epidemia, estamos a entrar numa fase de consolidação, por isso, estamos a reforçar algumas estratégias que nos vão permitir tentar parar a epidemia e aproveitamos também para reforçar o sistema que poderá nos permitir responder com eficácia uma próxima vez que tivermos uma epidemia ou uma outra emergência no país”, afirmou Anne Marie Ancia.
Nas últimas 48 horas, em 109 testes realizados, não se registou qualquer caso positivo do novo coronavírus, mantendo-se as infeções acumuladas em 892 e 15 vítimas mortais. Apenas um caso positivo foi registado no sábado.
A OMS defende, por isso, a estratégia de “busca ativa” como “melhor solução para aproveitar os recursos disponíveis” de luta contra a doença.
“Neste momento, estamos a trabalhar com o Ministério da Saúde no desenvolvimento de uma estratégia de busca ativa de casos de COVID-19 na comunidade. Para nós é a melhor forma de usar os recursos limitados disponíveis para lutar contra a COVID-19″, sublinhou a responsável.
O Governo são-tomense anunciou o arranque, no dia 17 deste mês, na ilha do Príncipe, de testes maciços para determinar “o estado epidemiológico da população”, iniciativa que até hoje não se concretizou.
A decisão saiu do último encontro dos órgãos de soberania, no qual o Presidente são-tomense, Evaristo Carvalho, defendeu que era necessário “identificar as pessoas que podem contaminar outras” com a infeção do novo coronavírus.
Desde o início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde já apoiou o país com materiais, equipamentos e consumíveis no valor superior a um milhão de dólares e promete “estender esse apoio até o fim da pandemia”.
Para a OMS, a doença “vai continuar no país e passar para uma situação endémica”, estando, por isso, a trabalhar com o Ministério da Saúde para se passar a uma “situação controlada”.
A organização receia o surgimento de uma segunda vaga da COVID-19 no arquipélago, por considerar que os cidadãos estão a “relaxar demasiado” nas medidas de prevenção.
“Acho que há elementos que nos dizem que pode haver, sobretudo porque a população está a relaxar demasiado nas medidas de proteção e o vírus ainda está no país. Cada dia identificamos um ou dois casos, o que significa que o vírus ainda está na comunidade, e as pessoas não estão a respeitar isso” explicou Anne Marie Ancia.
A responsável lamentou a falta de cuidado dos cidadãos: “Não estão a colocar as mascáras, não estão a observar o distanciamento social e isso pode fazer com que o vírus possa circular mais uma vez nas comunidades”, sublinhou, reconhecendo que “sem a participação da população, o Governo não vai conseguir parar a epidemia”.
Por isso, todo o esforço está virado para o rastreio nas comunidades onde os agentes de saúde e os voluntários trabalham para identificar casos suspeitos de COVID-19.
Para a OMS, todo o sistema montado “está a funcionar em pleno”, designadamente o laboratório para testes e o hospital de campanha.
Anne Marie Ancia anunciou a chegada, na semana passada, de um extrator automático e materiais de laboratório fornecidos pelo Instituto Marquez de Valle Flor, assim como outros materiais também de laboratório, cuja chegada a São Tomé está prevista para a próxima semana.
“Agora é muito mais importante fazer um trabalho na comunidade, retomar a sensibilização das populações, para quebrar a cadeia de transmissão da doença”, concluiu a representante em São Tomé da OMS.
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