“Temos de conseguir valorizar estes cerca de 150.000 profissionais que integram esta equipa do SNS, que possuem uma formação única, altamente diferenciados no mercado global, muito competitivo”, disse Fernando Araújo no Ato Público de Apresentação da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, em que está também presente o ministro da Saúde, Manuel Pizarro.

Para Fernando Araújo, é preciso encontrar formas de “os cativar, criando condições de poderem evoluir, de se realizarem, de conseguirem equilibrar a vida profissional com a vida familiar, de terem, acima de tudo, paixão por trabalhar no SNS”.

“O que se pretende realmente com a questão da direção executiva do SNS, que é certamente a maior revolução no SNS desde a sua criação, é tornar o SNS mais inclusivo, mais justo, mais próximo, com mais acesso, mais eficiente e que os utentes e os profissionais confiem. Este é o SNS em que eu acredito”, salientou o médico.

No início da sua intervenção, Fernando Araújo afirmou que hoje é “um dia simbólico” para o SNS e defendeu que, para manter os objetivos para que foi criado, nomeadamente “a universalidade, a equidade e a qualidade”, o SNS tem de se transformar, evoluir, inovar, planear e reorganizar-se.

“Quarenta e três anos após a sua criação, os tempos mudaram. Os padrões demográficos e epidemiológicos mudaram, as formas como os profissionais de saúde aprendem, trabalham e investigam mudaram, as necessidades exigidas dos utentes mudaram, o mundo globalizado modificou-se, mas o SNS manteve a mesma forma de organização, a mesma forma de gestão de recursos humanos e a mesma forma de lidar com os utentes e tal não é mais possível”, declarou.

No seu entender, a diversidade dos cuidados que o SNS presta, a capilaridade dos seus serviços, a elevada autonomia técnica dos seus profissionais, “os custos crescentes e as expectativas de uma sociedade mais informada e mais exigente conferem ao SNS uma complexidade organizacional que justificam a missão da direção executiva do SNS”, que é coordenar a resposta assistencial das unidades de saúde, assegurando o seu funcionamento em rede, a melhoria contínua do acesso, a participação dos utentes e o alinhamento da governação clínica e de saúde.

Nesse sentido, vincou, “a direção executiva tem a determinação e a força para concretizar esta mudança”.

Dirigindo-se a Manuel Pizarro, Fernando Araújo afirmou que esta determinação “não vem de nenhum diploma legal nem de uma determinação superior”, mas dos processos de saúde dos utentes que entendem que “é necessário modificar e que depositam a sua esperança neste momento e nesta oportunidade”.

Fernando Araújo elencou ainda as prioridades da direção executiva, que vão incidir em várias dimensões, sendo a primeira “planear e organizar o SNS de forma a que responda às necessidades dos utentes”.

“Um bom exemplo disso”, adiantou, foi a entrega hoje ao ministro da saúde dos 43 contratos-programa dos hospitais, centros hospitalares, unidades locais de saúde e Institutos Portugueses de Oncologia para 2022, que devia ser normal, “mas é inaudito”.

“Conseguir que todas as unidades tenham o contrato programa negociado e assinado antes do início do ano é uma exceção”, frisou.