“O que está em causa tem a ver com o que conquistámos, relativamente à contagem do nosso tempo de serviço, e com a forma como o conselho de administração do Centro Hospitalar de Setúbal está a aplicar aquilo que é a legislação que, entretanto, saiu”, disse à agência Lusa Zoraima Prado, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
“O conselho de administração do CHS está a aplicar a legislação de forma errada, criando mais problemas em vez de resolver os que existem”, acrescentou a sindicalista.
Segundo Zoraima Prado, o CHS não está a contar devidamente o tempo de serviço noutras instituições a alguns enfermeiros, dado que aproveita interrupções de “um dia, um dia feriado ou um fim de semana” para lhes apagar vários anos de serviço.
Zoraima Prado acusa também o conselho de administração do CHS de nada fazer para resolver o problema das inversões na posição remuneratória, “em que enfermeiros com mais tempo de serviço ficam atrás de enfermeiros com menos serviço”, e de não pagar aos enfermeiros parte do trabalho extraordinário realizado nos últimos anos.
“Há enfermeiros que têm 39, 49, 21 feriados e folgas acumuladas, que têm de ser pagas como trabalho extraordinário, porque não se trata de trabalho normal”, defendeu a sindicalista do SEP, salientando que o hospital não pode dispensar estes enfermeiros porque precisa deles e que terá de lhes pagar esse trabalho extraordinário, mesmo que seja de forma faseada.
"Os enfermeiros estão disponíveis para que o pagamento dessa dívida seja feito de forma faseada, mas ainda não lhes foi apresentada nenhuma proposta concreta", disse.
A concentração realizada hoje de manhã à entrada do Hospital de São Bernardo, principal unidade de saúde do CHS, teve início às 10:00 e deverá terminar cerca das 13:00, coincidindo com o período de greve dos enfermeiros do CHS, que exigem “o cumprimento da lei pelo conselho de administração do Centro Hospitalar de Setúbal”.
“Queremos chamar a atenção da população em geral e dos utentes do CHS para estes problemas com que os enfermeiros estão confrontados”, justificou Zoraima Prado.
“Os enfermeiros trabalham aqui todos os dias, dão o seu melhor todos os dias, mas têm estes problemas. E neste momento decidiram parar e vir à porta dizer aos seus utentes, à população, aquilo a que estão sujeitos aqui dentro. E que depende - volto a dizer - deste conselho de administração do CHS, pela interpretação errada que faz da lei”, concluiu.
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