Ao sindicato de enfermeiros Royal College of Nursing (RCN) juntaram-se pela primeira vez os sindicatos GMB e Unite, que representam paramédicos, condutores e telefonistas e outros funcionários ligados ao serviço de ambulâncias.
O RCN garantiu que os cuidados de emergência e tratamentos de cancro continuarão durante as 48 horas de paralisação, mas que é provável que milhares de consultas, exames e tratamentos sejam adiados.
O serviço de ambulância prometeu responder às chamadas mais urgentes, que durará um dia mas que será repetida na sexta-feira no mesmo setor, desta vez pelo sindicato Unison.
Em causa estão condições de trabalho, incluindo um aumento de salários que acompanhe a inflação superior a 10 por cento dos últimos meses e que levou à perda de poder de compra.
Ao contrário de outros setores da função pública, o Governo propôs um aumento médio de 4,8% para os trabalhadores do sistema nacional de saúde em Inglaterra e no País de Gales, incluindo enfermeiros, mas estes querem mais.
Num piquete de greve formado hoje junto ao University College London Hospital, em Londres, por dezenas de profissionais, Blessing segurava um cartaz onde se lia “Ajustem os salários aos crescentes custos do aluguer de cada e salvem os enfermeiros de ficarem sem abrigo”.
“O mercado de arrendamento em Londres está fora de controlo. Tive de mudar de casa porque o aumento da renda era muito alto, e agora vivo num quarto numa casa a dividir com outras pessoas, quase pelo mesmo preço”, contou esta alemã de origem nigeriana à Agência Lusa.
Segundo dados de agências imobiliárias, no ano passado os aumentos anuais das rendas na capital britânica chegam aos 40% a 60%, problemas que se refletem no trabalho, explica Blessing.
“Uma pessoa deve ser capaz de cuidar das pessoas e dar-lhes um serviço de qualidade porque se sente bem e porque consegue ir para casa após 12 horas de trabalho, descansar e recuperar”, defendeu.
A secretária-geral do RCN, Pat Cullen, afirmou que uma oferta salarial "significativa" por parte do Governo poderia acabar com as greves rapidamente, mas a secretária-geral do Unite, Sharon Graham, lamentou no domingo, em declarações à BBC, a falta de “negociações a qualquer nível".
A dirigente sindical pediu a intervenção direta do primeiro-ministro, exortando Rishi Sunak a "vir à mesa e negociar - arregaçar as mangas e negociar”.
Toques de buzina por veículos de passagem na estrada em frente ao hospital demonstravam o apoio público aos grevistas, incluindo de pacientes como Sidney.
“Deviam receber um aumento de pelo menos 20%”, afirmou à Lusa, contando como nota que os médicos e enfermeiros estão sob mais stressados porque são "mais mal pagos do que outras profissões”.
A greve aumenta a pressão sobre o serviço de saúde público, que sofre da escassez de pessoal, atrasos acumulados durante a pandemia covid-19 e aumentos de procura relacionado com doenças respiratórias típicas do inverno.
O ministro da Saúde, Steve Barclay exortou os trabalhadores a cancelarem as greves e pediu"um diálogo construtivo" sobre os salários para o ano fiscal 2023-2024, mas sindicatos querem um aumento salarial mais alto para o ano em curso.
A paralisação de hoje afeta apenas Inglaterra, pois foi suspensa na Escócia e País de Gales enquanto prosseguem as negociações com os respetivos governos autónomos.
A greve é a última de uma onda de protestos laborais nos últimos meses por trabalhadores de diferentes setores, como professores, maquinistas, trabalhadores dos aeroportos, guardas fronteiriços, instrutores de condução, condutores de autocarros e funcionários dos correios.
Esta semana, além de enfermeiros e operadores de ambulância, também vão fazer greve funcionários de universidade, fisioterapeutas e trabalhadores da Agência do Ambiente.
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