“Todos os dias eu via nos hospitais pacientes com queimaduras graves e fraturas expostas, que esperavam por horas ou dias e me pediam comida ou água, o que mostra o nível de desespero", descreveu Sean Casey na sede da ONU, em Nova Iorque, após passar mais de cinco semanas a coordenar resposta de emergência médica da OMS na Faixa de Gaza.
“Além dos seus ferimentos e doenças, eles pedem desesperadamente o básico para viver", acrescentou o funcionário, que visitou 6 dos 16 hospitais em funcionamento, dos 36 que existiam antes do conflito.
Num relato detalhado do que chamou de "situação horrível" nos centros de saúde de Gaza, Casey afirmou que viu no norte pacientes deitados "basicamente à espera da morte, num hospital sem combustível, energia ou água", com poucos insumos médicos e apenas um punhado de funcionários.
Em outros centros, como o complexo médico de Al-Nasr, “restavam apenas 30% dos funcionários, com uma ocupação perto de 200% da sua capacidade de camas, motivo pelo qual havia pacientes no chão dos corredores". Na unidade de queimados, havia "1 médico para 100 pacientes".
“O que testemunhei foi uma deterioração rápida do sistema de saúde, juntamente com um nível de ajuda humanitária que aumenta rapidamente num nível de acesso humanitário que diminui”, principalmente em áreas do norte da Faixa de Gaza, região mais afetada pelos bombardeamentos de Israel, que começaram após um atentado do Hamas em outubro.
Segundo o funcionário, a necessidade mais urgente é de um cessar-fogo, mas também melhorar o acesso à ajuda humanitária. “Durante sete dias, tentamos entregar diariamente combustível e mantimentos ao norte. Esses pedidos foram negados" por autoridades de Israel, ressaltou.
Soma-se a isso a falta de segurança, que faz com que “as equipas de saúde não possam deslocar-se para onde é necessário”, concluiu o funcionário da OMS.
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