Após a introdução da bactéria Wolbachia numa população de mosquitos, os casos de dengue caíram 77%, mostram os resultados dessa experiência de três anos publicado no New England Journal of Medicine, que elevou a esperança da comunidade científica de conter a doença, que afeta mais de 50 milhões globalmente.
O número de infeções que requerem hospitalização também caiu 86% nas áreas da cidade de Yogyakarta, na ilha de Java, onde o estudo foi realizado.
O estudo foi conduzido pelo programa de pesquisa World Mosquito Program (WMP) da universidade australiana Monash, no qual participou a universidade Gadjah Mada, da Indonésia.
“Este número de 77% é realmente fantástico para uma doença transmissível e estamos muito felizes com este resultado”, disse Adi Utarini, pesquisador de saúde pública da Universidade Gadjah Mada.
A experiência consistiu em introduzir a bactéria numa população de mosquitos em áreas específicas de Yogyakarta e então medir o impacto sobre a incidência de infeções em humanos com idade entre 3 e 45 anos.
Desde o teste, o método da bactéria Wolbachia foi implementado em toda a cidade de Yogyakarta e a introdução desses mosquitos foi estendida às áreas circunvizinhas, ou seja, 2,5 milhões de habitantes.
A bactéria evita que o vírus se espalhe pelos mosquitos transmissores da dengue, os mosquitos Aedes aegypti, e infete humanos ao picá-los.
O resultado é semelhante ao obtido em testes anteriores realizados em outros países com a bactéria Wolbachia, encontrada em moscas das frutas e outros insetos.
Os cientistas esperam que o método venha a ser uma arma decisiva na batalha global contra uma doença potencialmente fatal.
Os sintomas da dengue são dores musculares, febre e náuseas. Mas, em casos graves, a dengue pode causar sangramento.
“Este é o resultado que esperávamos há muito tempo. Temos provas de que o nosso método Wolbachia é confiável, durável e reduz consideravelmente os casos de dengue”, disse Scott O’Neill, diretor do Programa Mundial do Mosquito, citado no estudo.
A dengue é a doença transmitida por mosquitos de propagação mais rápida, com mais de 50 milhões de casos por ano em todo o mundo.
Estudos também demonstraram que esse método é eficaz na prevenção da transmissão do vírus zika, da chikungunya, febre-amarela e outras doenças transmitidas por mosquitos.
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