"Isto significa que o toque de recolher das 21h00 continua em vigor", informou a emissora holandesa NOS e outros meios de comunicação, a partir da decisão de um tribunal de recurso.

Um tribunal de Haia tinha ordenado que o toque de recolher, em vigor desde 23 de janeiro e que provocou os piores protestos das últimas décadas, fosse "levantado imediatamente". "O toque de recolher é uma violação profunda do direito à liberdade de movimento e à vida privada", disse o tribunal.

Após a imposição do toque de recolher, o primeiro a ser aplicado na Holanda desde a Segunda Guerra Mundial, várias cidades foram palco de protestos gigantescos que culminaram em dezenas de prisões.

Em outros países da Europa, a frustração, a raiva e o cansaço também são sentidos. Na semana passada, o parlamento checo recusou-se a prolongar o estado de emergência, como solicitado pelo governo, e em Viena também houve protestos contra as medidas.

"Perdi o meu trabalho, sou enfermeira e não quero mais usar esta máscara de merda", exclamou Sigrid, numa manifestação que pedia a renúncia do chanceler, o conservador Sebastian Kurz.

Seria a mão dura a solução para cortar a pandemia pela raiz? Em países da Ásia e Oceania, começando pela China, as autoridades tomam medidas restritas nas áreas onde detetam surtos e combinam-nas com diagnósticos em massa.

Em pouco mais de um ano, a pandemia de coronavírus matou 2,4 milhões de pessoas em todo o mundo e infetou quase 110 milhões. Neste momento há restrições em vigor em praticamente toda a Europa, enquanto a vacinação avança muito mais lentamente que o previsto.

A farmacêutica americana Johnson&Johnson (J&J) solicitou autorização para sua vacina na União Europeia, informou nesta terça-feira a Agência Europeia de Saúde (EMA), que pode tomar uma decisão até meados de março.

A Comissão Europeia "está pronta" para autorizá-la assim que a EMA a aprovar cientificamente, informou sua presidente, Ursula von der Leyen.

Desigualdade

Mais de 180 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19 foram aplicadas em pelo menos 96 países ou territórios, de acordo com uma contagem realizada pela AFP.

Numa escala mundial, os países de "alto" rendimento e "médio alto" (segundo o Banco Mundial) concentram mais de nove de cada dez doses da injeção (93%), enquanto abrigam apenas metade (53%) da população mundial.

Na América Latina, onde a pandemia matou mais de 642.000 pessoas e infetou 20 milhões, a vacinação avança de forma desigual e em alguns casos com irregularidades, como no Peru, onde membros do governo se vacinaram antes do início oficial da campanha.

Brasil, o segundo país do mundo com mais mortes por coronavírus - depois dos EUA - com quase 240.000 óbitos, vacinou apenas 2% dos seus 212 milhões de habitantes, devido à ausência de diretrizes claras do governo federal e à falta de doses.

Dotado de uma capacidade de vacinação em massa já usada no passado e de fama mundial, o Brasil não consegue ativá-la devido à falta de vacinas. O governo planeia contar com mais de 210 milhões de vacinas da AstraZeneca até ao final do ano e 100 milhões da chinesa CoronaVac até agosto.

O México, terceiro país mais enlutado do mundo, denunciará a desigualdade no acesso às vacinas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas na quarta-feira.

"Vamos apresentar o posicionamento do México e da América Latina (...) em relação ao que está a acontecer no mundo, a desigualdade que existe no acesso às vacinas", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Marcelo Ebrard.

Nesse país, que possui mais de 174 mil mortos, a vacina chegará a partir desta semana para os idosos acima dos 60 anos, que juntos são 15 milhões, os quais o governo pretende ter vacinado até meados de abril.

A África do Sul anunciou nesta terça-feira que ofereceu à União Africana (UA) um milhão de vacinas que possui da AstraZeneca, após adiar a sua campanha de imunização com esse medicamento pelo facto da sua eficácia contra a variante local do vírus ser duvidosa.

Na segunda-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) concedeu a sua aprovação emergencial para a vacina da Astrazeneca, o que favorecerá a distribuição de centenas de milhões de doses aos países desfavorecidos.

E quanto à vacina da Pfizer, os serviços de inteligência sul-coreanos, citados pela imprensa, garantiram nesta terça-feira que hackers norte-coreanos tentaram entrar nos sistemas da gigante farmacêutica em busca de informações sobre a sua vacina e o tratamento contra o novo coronavírus.

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