"O Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR) visitou recentemente o Hospital de Viseu e constatou a existência de cerca de 40 enfermeiros com vínculos precários neste estabelecimento. São enfermeiros que foram contratados durante o período pandémico, que continuaram a trabalhar no Hospital de Viseu, comprovando-se a necessidade permanente dos mesmos, mas sem terem direito a um vínculo efetivo", informa o SINDEPOR em comunicado.
Segundo dados apurados pelo SINDEPOR, o absentismo no Hospital de Viseu aumentou 54% entre 2014 e 2022. Ou seja, se um enfermeiro, em 2014, faltava, por exemplo, 10 dias, hoje falta 15,4 dias por ano.
"Outro dos problemas muitas vezes apontado pelos enfermeiros durante a visita do SINDEPOR a vários serviços do Hospital de Viseu é o facto de os colegas com contrato individual de trabalho (CIT) serem os únicos profissionais do Hospital de Viseu que não beneficiam de um dia de férias extra por cada dez anos de carreira", adianta a nota.
Os enfermeiros com CIT representam mais de metade dos cerca de mil enfermeiros do Hospital de Viseu, pelo que esta discriminação provoca uma indignação generalizada, inclusive junto dos enfermeiros com contrato de trabalho em funções públicas, neste caso com direito ao referido dia extra.
"Há cerca de um ano, o SINDEPOR escreveu à administração do Centro Hospitalar Tondela Viseu (e a muitas outras instituições), que integra o Hospital de Viseu, apelando a que esta concedesse o referido dia de férias extra por cada dez anos de trabalho também aos enfermeiros com CIT. O sindicato não recebeu qualquer resposta até ao momento. De salientar que esta atribuição está muito longe de ser generalizada no SNS, mas a verdade é que existem estabelecimentos que concedem esses dias extra", esclarece.
"Também nos dias de tolerância de ponto, o Hospital de Viseu retira o gozo do mesmo aos enfermeiros que estejam de folga nesses dias. Ou seja, no limite, um enfermeiro que esteja de folga nos dias em que são decretadas tolerâncias de ponto, arrisca perder o gozo de vários dias durante o ano", acrescenta.
"A par destes problemas, multiplicaram-se as queixas devido à contagem dos pontos prescrita pelo Decreto Lei 80-B/2022. Nomeadamente, erros na contagem dos anos trabalhados e a não contabilização do tempo em que os enfermeiros estiveram a desempenhar funções noutras instituições do mesmo SNS", lê-se ainda.
“Com uma gestão de recursos humanos incompetente como esta não admira a insatisfação generalizada, nalguns casos até de revolta, dos enfermeiros”, descreve Rui Paixão, dirigente do SINDEPOR. “Os enfermeiros sentem que os responsáveis do Hospital de Viseu podiam resolver estes problemas e não o fazem. Com isto só aumentam problemas como o absentismo, o presencialismo ou, no limite, a saída do hospital”, sublinha Rui Paixão. Um quotidiano que “todos os dias afeta a qualidade e o acesso aos cuidados de saúde e a partir daqui podemos perceber boa parte dos problemas que afetam hoje o SNS”, avisa o sindicalista.
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