Trata-se de uma investigação multidisciplinar, dirigida pela professora de Biologia Celular e diretora do grupo de pesquisa GOBE da UPV/EHU, Elena Vecino, que agora foi estendida a mais pacientes e à qual foram incorporados mais agentes com o objetivo de desenvolver um teste de deteção precoce da doença.

"Como o Parkinson afeta vários sistemas não motores e nervos periféricos, a secreção lacrimal pode ser alterada nesses pacientes, e a composição das proteínas lacrimais pode mostrar um perfil característico nesses pacientes que pode servir como biomarcador diagnóstico", disse a professora catedrática Elena Vecino citada pela agência de notícias Europa Press.

Este estudo piloto foi realizado através da análise comparativa das lágrimas de 27 pessoas de um grupo de controlo e 27 pacientes com Parkinson em diferentes estadios da doença.

Os resultados, publicados na revista Proteomes, mostraram uma alteração numa série de proteínas envolvidas na função dos lisossomos, organelas celulares responsáveis ​​pela degradação de substâncias dentro da célula, destacaram os responsáveis. "Nós localizamos esses marcadores superexpressos (proteínas) nas lágrimas de pacientes com Parkinson", diz Vecino.

A doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crónica e progressiva. É causada por uma diminuição da produção de dopamina, uma substância produzida pelo cérebro, que ajuda na realização dos movimentos voluntários do corpo.

Havendo uma redução da produção de dopamina, o controlo motor do indivíduo está diminuído, ocasionando sinais e sintomas característicos como tremor em repouso, lentidão de movimentos e alterações da marcha, rigidez muscular e, anos depois, desequilíbrio.

A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, estimando-se que em Portugal existam cerca de 18 mil doentes.

A causa da doença ainda não é conhecida, mas admite-se que resulta de uma combinação de fatores ambientais e genéticos. Embora já sejam conhecidos alguns genes que favorecem o aparecimento da doença, ela não é por regra uma doença hereditária. O maior fator de risco para o aparecimento da doença de parkinson é o envelhecimento.

A patologia costuma desenvolver-se de forma lenta e progressiva geralmente a partir dos 55 anos de idade, embora em 10% dos casos surja antes dos 40 anos. Afeta ambos os sexos e é mais frequente nos europeus e norte-americanos do que nos asiáticos ou africanos.

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