A má qualidade do ar continua a colocar em risco a saúde das pessoas, alerta a Agência Europeia do Ambiente num relatório, no qual estima que 90% das pessoas nas cidades respiram ar poluído.
Segundo o relatório divulgado hoje, a maioria dos europeus está exposta a um nível de poluição do ar além dos limites recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com o organismo europeu, as emissões perigosas não estão a diminuir suficientemente rápido.
Na Europa, segundo o relatório, as emissões de muitos poluentes diminuíram nas últimas décadas, mas “as concentrações de poluentes no ar ainda são muito altas e persistem problemas de qualidade do ar”.
Em consequência, “uma percentagem significativa da população europeia vive em áreas, especialmente cidades, onde os padrões de qualidade do ar são ultrapassados”, nomeadamente poluição por ozono, dióxido de nitrogénio e partículas finas, três poluentes que mais afetam a saúde humana e que representam “sérios riscos para a saúde”.
No relatório salienta-se que cerca de 90% dos habitantes das cidades da UE estão expostos a concentrações de poluentes superiores aos níveis de qualidade do ar que já são considerados prejudiciais à saúde.
Segundo o relatório, a má qualidade do ar foi responsável por cerca de 400.000 mortes prematuras na UE em 2016. No mesmo ano a má qualidade do ar levou a 5.830 mortes prematuras em Portugal.
Baseado em dados de 2016, o documento estima que a má qualidade do ar provoque em cada ano a morte prematura de 4.900 portugueses devido a elevadas concentrações de partículas finas, de mais 610 devido ao dióxido de azoto, e de mais 320 devido ao ozono, salienta a associação ambientalista Zero.
Numa análise aos números, a organização ambientalista portuguesa refere que a mortalidade associada à qualidade do ar ainda é muito significativa, ainda que os dados revelem uma diminuição de mortalidade face à estimativa feita para 2015.
“Para Portugal, os números mais recentes agora revelados, traduzem-se em quase 46 mil anos de vida perdidos associados às partículas finas, 5700 anos de vida perdidos associados ao dióxido de azoto, e 3200 anos associados às elevadas concentrações de ozono”, diz a Zero em comunicado.
Citando também dados da Agência Portuguesa do Ambiente, a Zero diz que em 2018 a estação de monitorização da qualidade do ar da Avenida da Liberdade, em Lisboa, continua a ultrapassar os valores-limite”, com uma média anual de dióxido de azoto bastante superior ao permitido pela legislação europeia e nacional. Médias também ultrapassadas no Porto e em Braga.
“Em todos estes casos o tráfego rodoviário é o responsável pela ultrapassagem dos valores-limite, pelo que é indispensável a tomada de medidas para redução das concentrações em causa da responsabilidade fundamentalmente das autarquias das zonas afetadas”, salienta a Zero, que defende a promoção de “modos suaves de mobilidade”, como a bicicleta, e os transportes públicos.
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