O uso excessivo (três ou mais vezes por semana) do inalador de alívio para a asma pode ser um sinal de que a doença não está controlada, o que faz aumentar o risco de problemas cardiovasculares, depressão, agudizações graves ou até morte. Perceber quais os padrões de uso deste tipo de inalador entre os portugueses foi o objetivo do estudo Characteristics of Reliever Inhaler Users and Asthma Control: A Cross-Sectional Multicenter Study in Portuguese Community Pharmacies, que confirma “um uso frequente e excessivo” dos inaladores de alívio, bem como uma elevada taxa de asma mal controlada entre os utentes das farmácias comunitárias nacionais que utilizam este tipo de inalador.
Um alerta que reforça a mensagem da campanha "Quebra o Ciclo - Deixa a asma sem fôlego", uma iniciativa da Associação Portuguesa de Asmáticos (APA), do projeto CAPA - Cuidados Adequados à Pessoa com Asma, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) e do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias (GRESP), da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e da Associação Nacional das Farmácias (ANF) em parceria com a AstraZeneca.
A inexistência de informação disponível sobre os padrões de utilização do inalador de alívio para a asma em Portugal, bem como a sua associação ao controlo da asma, levou à realização de um estudo entre pessoas com diagnóstico de asma autorreportado em farmácias comunitárias. Os resultados deste estudo mostram que cerca de metade dos participantes (50,2%) usou o inalador de alívio mais de oito dias durante as quatro semanas anteriores à resposta ao inquérito, o que, segundo as guidelines globais GINA, é um fator indicador de mau controlo da asma.
Além disso, 1 em cada 4 dos doentes envolvidos no estudo relataram utilizar o inalador de alívio diariamente, o que poderá significar que algumas pessoas usam este tipo de inalador com a intenção de controlar e tratar a doença, o que não é indicado. Mostram ainda os resultados que cerca de 23% dos doentes inquiridos revelaram utilizar o inalador três ou mais vezes por dia, sendo importante realçar que, em média, este tipo de utilização duplica o risco de uma agudização grave da asma nos seis meses seguintes.
Relativamente à utilização de recursos de saúde devido a ataques de asma, cerca de 40% dos doentes recorreram pelo menos uma vez a um serviço de urgência e cerca de 12% foram hospitalizados pelo menos durante uma noite nos 12 meses anteriores ao questionário, valores francamente superiores aos dos mesmos indicadores para a população que vive com asma em Portugal, no seu global: 23% e 3%, respetivamente.
Estes resultados levam os investigadores a concluir que “a melhoria destes indicadores e, consequentemente, a redução dos custos clínicos e económicos esperados para as pessoas que vivem com asma é da maior importância. Os resultados deste estudo podem apoiar os decisores e os diferentes profissionais de saúde no desenvolvimento de estratégias para melhorar a gestão da asma em Portugal”.
Precisamente com o intuito de alertar os profissionais de saúde e as pessoas com asma para as consequências do uso excessivo do inalador de alívio, foi desenvolvida a Campanha "Quebra o Ciclo - Deixa a asma sem fôlego", que pode ser acompanhada através das redes sociais e do site SAÚDEFLIX. Este site disponibiliza um questionário de apoio às pessoas que vivem com asma para determinação do seu grau de dependência no inalador de alívio. Os respetivos resultados devem ser partilhados com o médico assistente de modo a perceber se será necessário adaptar o tratamento às necessidades do estadio da doença.
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