"A MSF tinha 27 funcionários apoiando o Centro de Saúde de Macomia. Eles esconderam-se no mato por quase dois dias. Devido ao ataque, a MSF suspendeu o seu apoio em Macomia", disse Caroline Rose, chefe da missão, citada numa nota da organização distribuída hoje à imprensa.
A Vila de Macomia, a 200 quilómetros da capital provincial (Pemba), foi ocupada na semana passada, durante três dias seguidos, por grupos armados, que saquearam vários estabelecimentos comerciais e vandalizaram várias infraestruturas, incluindo o centro de saúde local.
Segundo Caroline Gaudron Rose, os ataques armados em Cabo Delgado comprometem as atividades da MSF, lembrando que a entidade já tinha suspendido o seu apoio em Mocímboa da Praia devido à violência armada naquele ponto do norte de Moçambique.
"Ainda existem milhares de pessoas deslocadas que também estão escondidas no mato com medo de voltar para as suas aldeias. Eles estão aterrorizados com a violência", descreveu.
Cabo Delgado, província onde avança o maior investimento privado de África para exploração de gás natural, está sob ataque desde outubro de 2017 por insurgentes, classificados desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como uma ameaça terrorista.
Desde há um ano, o grupo 'jihadista' Estado Islâmico passou a reivindicar algumas das incursões.
Em dois anos e meio de conflito, estima-se que já tenham morrido, no mínimo, 600 pessoas e que cerca de 200 mil já tenham sido afetadas, sendo obrigadas a refugiar-se em lugares mais seguros, perdendo casa, hortas e outros bens.
Desde março deste ano os grupos terroristas já ocuparam durante vários dias importantes povoações como Mocímboa da Praia, Muidumbe, Quissanga e Macomia.
O ministro da Defesa moçambicano, Jaime Neto, anunciou no domingo que foram abatidos a tiro 78 membros dos grupos armados, entre os quais dois cabecilhas tanzanianos.
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