“Receamos que possa haver uma transmissão internacional” a partir da RDCongo, afirmou Rosalind Lewis, médica e especialista em varíola da OMS, numa conferência em Genebra.
Segundo Lewis, o número de casos notificados à OMS voltou a aumentar, passando de cerca de uma centena por mês entre junho e agosto para “mais de 1.000 por mês” atualmente, apontando para os surtos na Ásia, particularmente no Japão, Vietname, China, Indonésia e Camboja, que registou o primeiro caso esta semana.
Além disto, a médica disse que a organização foi informada de uma suspeita de surto num navio de cruzeiro que navegava no Sudeste Asiático, mas afirmou não ter informações adicionais.
Vários surtos da variante IIb do vírus foram observados a partir de maio de 2022 na Europa e nos Estados Unidos, para além dos países da África Central e Ocidental, onde a doença é endémica, o que levou a OMS a declarar o nível de alerta máximo em julho de 2022.
De acordo com Lewis, neste ano já foram registados mais do dobro dos casos assinalados nos anos anteriores e mais de 600 mortes, apenas na República Democrática do Congo.
A atual epidemia na RDCongo é particularmente preocupante para a OMS, que já tinha dado o alerta no final de novembro, por o vírus estar a chegar a áreas que não são normalmente afetadas, como Kinshasa e Kivu do Sul, para além de ser a primeira vez que se verifica o contágio através de transmissão sexual de pacientes com a variante I do vírus.
“O quadro demográfico nas áreas recém-infetadas é, portanto, preocupante, porque é a primeira vez que vemos o vírus afetar mais mulheres do que homens”, disse a especialista.
Segundo a OMS, desde maio de 2022, foram notificados mais de 92.000 casos em 117 países.
A doença, também conhecida como varíola dos macacos, registada pela primeira vez em humanos em 1970 na RDCongo, caracteriza-se, em particular, por erupções cutâneas nos órgãos genitais ou na boca e pode ser acompanhada de febre, dor de garganta e/ou dor nos gânglios linfáticos.
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