Em comunicado, a OMS diz que o aumento do surto naquela província da RDCongo “está a causar grande preocupação”, ao mesmo tempo que a organização e os parceiros enfrentam “lacunas críticas de financiamento”.
Para se ter uma ideia da dimensão do problema, a organização refere na nota que “os casos confirmados já ultrapassaram o número total registado durante o último surto da província, em 2018″.
O último surto, o 11.º da RDCongo, foi declarado a 01 de junho de 2020, após ter sido detetado um conjunto de casos na área de Mbandaka, província de Equador.
Desde então, o surto propagou-se a seis zonas sanitárias, tendo sido registados 56 casos.
A cidade de Mbandaka e arredores foram também os locais do 9.º surto de Ébola naquele país, que durou de maio a julho de 2018, e durante o qual foram confirmados 54 casos.
Dos 56 casos comunicados até agora, 53 estão confirmados e três são tidos como prováveis. Mas só nas últimas três semanas, 28 casos foram confirmados, adianta.
“A resposta ao Ébola no contexto da pandemia da covid-19 em curso é complexa, mas não podemos deixar que a covid-19 nos distraia de enfrentar outras ameaças prementes à saúde”, afirmou a diretora regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para África, Matshidiso Moeti, citada na nota.
Segundo a responsável, “o atual surto de Ébola está a esbarrar com ventos de proa, porque os casos estão espalhados por áreas remotas, em densas florestas tropicais, o que faz com que a resposta seja dispendiosa, e assegurar que tratamento e abastecimentos chegam às populações afetadas é extremamente desafiante”.
Ainda de acordo com a nota, a resposta do Ébola enfrenta carências de financiamento, porque, até agora, a OMS mobilizou 1,75 milhões de dólares (1,5 milhões de euros), que durarão apenas mais algumas semanas.
“Um apoio adicional torna-se, assim, necessário para que possa rapidamente aumentar os esforços da OMS, das autoridades sanitárias da RDCongo e dos parceiros, para assegurar que todas as comunidades afetadas recebam os cuidados básicos, incluindo a educação sanitária e envolvimento da comunidade, vacinação, testes, rastreio de contactos e tratamento”, adianta.
Porém, a OMS sublinha que, desde o início deste surto, foram “feitos progressos significativos”.
“Em seis semanas, mais de 12.000 pessoas foram vacinadas. Durante o surto de 2018 na Equador, foram necessárias duas semanas para que se iniciassem as vacinações. Desta vez, as vacinações começaram no prazo de quatro dias após o surto ter sido declarado”, lê-se na nota.
Isto porque a resposta atual beneficiou das lições aprendidas com os anteriores surtos de Ébola no país, que evidenciaram, entre outros aspetos, a importância de trabalhar em estreita colaboração com as comunidades.
Por isso, atualmente, cerca de 90% dos vacinadores são das comunidades locais e a resposta atual aproveitou também a perícia dos técnicos de laboratório formados durante o surto de 2018. Assim, há 26 técnicos de laboratório a apoiarem atualmente o diagnóstico.
A organização sublinha que trabalhar na resposta ao surto com locais inspira a confiança das comunidades e torna a resposta de emergência mais eficaz.
Perante este facto, a OMS, juntamente com o Ministério da Saúde e parceiros locais, tem vindo a envolver-se com as comunidades para aumentar a compreensão do vírus e o apoio local às atividades de resposta.
O resultado é que mais de 40.000 famílias foram visitadas por trabalhadores de saúde comunitários e mais de 273.000 pessoas receberam informações sobre saúde e segurança.
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