Na madrugada de domingo (27 de outubro) em Portugal continental e na Região Autónoma da Madeira, às 02:00 os relógios devem ser atrasados 60 minutos, passando para a 01:00.
Na Região Autónoma dos Açores, a mudança será feita à 01:00 da madrugada de domingo, passando para a meia-noite (00:00).
A hora legal voltará depois a mudar a 29 de março de 2020, marcando a mudança para o regime de verão.
O atual regime de mudança da hora é regulado por uma diretiva (lei comunitária) de 2000, que prevê que todos os anos os relógios sejam, respetivamente, adiantados e atrasados uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim da hora de verão.
Quais os impactos no organismo?
A alteração dos ponteiros do relógio traz “mais riscos que benefícios” devido à súbita exigência de mudança do “tempo interno” das pessoas, colocando em causa o bom humor, diz Miguel Meira Cruz, presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono.
Miguel Meira Cruz garante que a mudança de hora tem impactos negativos na saúde. "Apesar do impacto ser claramente maior no recuo que exigimos ao tempo em meados de março, qualquer das direções em que se proceda uma mudança súbita num relógio de adaptação lenta como o que temos no cérebro, tem prejuízos significativos e potencialmente graves", adverte.
O especialista afirma que uma hora a mais de sono com a mudança de hora no inverno pode, em teoria, promover o bem-estar de quem se encontra privado desta necessidade, sendo o impacto deste benefício maior nas pessoas que se deitam mais tarde e tendencialmente se levantam mais tarde.
"Os matutinos privados de sono, podem sofrer mais nos dias subsequentes à mudança para a hora de inverno", dado que para "além da menor flexibilidade na resposta a mudanças, as condicionantes impostas pelo novo horário afetam o humor", explica o presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono.
Meira da Cruz aponta alguns sintomas causados pela alteração da hora, como prevalência de alguns tipos de dores de cabeça, nomeadamente a cefaleia hípnica (surge durante o sono) e a cefaleia em salvas (dor muito forte só num lado da cabeça).
Segundo o especialista em medicina de sono, "estas condições são frequentemente desencadeadas por alterações nos ritmos circadiários estabelecidos naturalmente". Uma vez que a capacidade de alerta da pessoa oscila com o "caráter circadiário" e com o aumento do tempo na escuridão, o risco de acidentes é também maior.
Para o especialista, a mudança da hora "é mais um exemplo do predomínio de interesses económico-financeiros, que vigora no mundo, em detrimento daqueles dirigidos à promoção da saúde".
"Efetivamente a alteração proposta originalmente por Benjamim Franklin, perspetivava a rentabilização de energia luminosa poupando gastos", mas "em rigor, não só não se confirmaram os ganhos teorizados, como se tem vindo a descobrir perdas importantes associadas à alteração brusca da hora", comenta.
Também um estudo com base em dados recolhidos em território brasileiro concluiu que o corpo humano precisa de pelo menos 14 dias para se adaptar totalmente à mudança de horário. Enquanto isso, são comuns sintomas como a falta de atenção, dificuldades de memorização e sono fragmentado.
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