O Herpes Zoster, ou Zona, é uma infeção aguda causada pela reativação do vírus varicella zoster, o mesmo agente que provoca a varicela. Na forma latente o vírus está presente na maioria dos adultos, mantendo-se adormecido por anos. Porém, pode ser reativado com o avançar da idade, entre outras causas. A nível global, estima-se que cerca de 30% dos adultos poderão desenvolver manifestações de herpes zoster. Ainda assim, diversos estudos apontam que quase metade dos adultos acreditam que é pouco provável virem a desenvolver esta infeção, que se manifesta por lesões cutâneas que podem ser muito dolorosas.
“Sem dúvida, é uma infeção que não pode ser subestimada, principalmente quando olhamos para a população acima dos 50 anos. No entanto, há ainda uma clara falta de sensibilização relativamente aos riscos que a doença representa”, alerta Francisco George, presidente da Sociedade Portuguesa de Saúde Pública e ex-Diretor Geral da Saúde.
Como tal, importa conhecer esta doença que pode tornar-se incapacitante para os doentes e desfazer os mitos a ela associados:
Mito 1: Sou saudável, por isso, não estou em risco de desenvolver a doença
À medida que as pessoas envelhecem, o sistema imunitário vai diminuindo a sua competência, aumentando, por isso, a probabilidade de reativação do vírus varicela zoster, que se encontra "adormecido" no organismo da maioria dos adultos, colocando, assim, as pessoas com 50 anos ou mais em risco de desenvolverem herpes zoster.
“No entanto, a reativação do vírus varicella zoster pode acontecer a qualquer pessoa e em qualquer idade, desde que esta tenha tido varicela. Ou seja, apesar de ser potenciada por fatores como o aumento da idade, a imunossupressão e a presença de doenças crónicas, a reativação do vírus explica a génese da doença, mesmo em pessoas jovens e saudáveis, tendo um impacto significativo a nível físico, psicológico, pessoal e profissional. Nestes termos, é crucial investir na prevenção”, acrescenta o especialista em Saúde Pública.
Mito 2: Não posso fazer nada para evitar ter Zona
Evitar exposição solar, precaver situações de stress, dormir bem e manter uma alimentação equilibrada rica em frutas e vegetais são algumas das formas de prevenir a reativação deste vírus.A exposição solar prolongada, sobretudo sem proteção, pode provocar ou intensificar erupções cutâneas, uma vez que os raios UV são nocivos, tornando a pele mais vulnerável e suprimindo as respostas imunitárias do organismo.
Já o stress é responsável por fragilizar o sistema imunitário, ao dificultar a ação das células de defesa do nosso organismo (linfócitos), no combate a infeções virais ou bacterianas.É, igualmente, aconselhável evitar alimentos ricos em açúcar, pois aumentam os radicais livres e são responsáveis por processos inflamatórios do organismo, gerando um stress oxidativo que pode favorecer o aparecimento de doenças autoimunes, degenerativas e de zona. Perturbações do sono, incluindo dormir pouco, são fatores que contribuem para aumentar a probabilidade de surgirem manifestações de herpes zoster, uma vez que o sono ideal é de 7 a 8 horas diárias.
“Por outro lado, está demonstrado, no plano científico, que a imunização de adultos é uma importante medida para a prevenção de determinadas doenças infeciosas evitáveis pela vacinação. É o caso do herpes zoster que pode ser prevenido através da vacinação”, acrescenta Francisco George. “A adoção de estratégias globais e personalizadas, é essencial na obtenção de mais ganhos em saúde pública no âmbito do processo de envelhecimento saudável, contribuindo, assim, de forma positiva, para o bem-estar, para a prosperidade e para a economia do país”, explica.
Mito 3: O herpes zoster não é perigoso
A maioria das pessoas que desenvolvem herpes zoster recupera totalmente passadas poucas semanas (mais raramente alguns meses). No entanto, podem ocorrer algumas complicações associadas a esta doença, sendo a mais comum a Nevralgia Pós-Herpética que se caracteriza por dor incapacitante que pode persistir, mesmo por meses ou anos, após o desaparecimento das erupções cutâneas herpéticas. É mais comum e grave em pessoas idosas, estimando-se que até cerca de 30% dos doentes com zona poderão desenvolver esta complicação que tem impacto significativo na qualidade de vida dos afetados.
Há outras complicações que podem ocorrer: alterações cutâneas por cicatrizes ou transtornos na pigmentação devidas à infeção secundária da erupção herpética; perda total ou parcial da visão (devido ao herpes zoster oftálmico); complicações no sistema nervoso periférico e central; problemas de audição e de equilíbrio; complicações cardiovasculares.
“Esta é uma doença ainda não conhecida pelas suas implicações, apesar de poder tornar-se incapacitante para os doentes, tendo um impacto significativo a nível físico, psicológico, pessoal e profissional”, remata.
Em resumo, é importante estar atento ao aparecimento de sintomas e sinais cutâneos de herpes zoster, tipicamente unilaterais, como formigueiro ou dormência a nível dorsal, cervical ou no tronco, incluindo dor ou ardor, prurido, manchas avermelhadas e pequenas vesículas que contêm um líquido transparente. A consulta do médico é indispensável para a confirmação do diagnóstico definitivo e para a prescrição terapêutica.
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