Em causa está uma reportagem da TVI, transmitida na passada sexta-feira, segundo a qual duas gémeas luso-brasileiras vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma, - um dos mais caros do mundo – para a atrofia muscular espinhal, que totalizou no conjunto quatro milhões de euros.
Segundo a TVI, há suspeitas de que isso tenha acontecido por influência do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que já negou qualquer interferência no caso.
Em comunicado, o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (CHULN) afirma que “decidiu dar início a uma auditoria interna para aferir sobre os procedimentos que foram realizados antes e durante o tratamento para a atrofia muscular espinhal administrado a duas gémeas em 2020 e que foi alvo de reportagem na comunicação social”.
Simultaneamente, está a decorrer uma ação da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS) sobre o mesmo caso, refere O CHULN, informando que “até ao término destes procedimentos”, não fará qualquer comentário adicional sobre o tema.
Numa resposta enviada na segunda-feira à Lusa, IGAS referiu que abriu “um processo de inspeção sobre o processo de prestação de cuidados de saúde às duas crianças para verificar se foram cumpridas todas as normas aplicáveis a este caso concreto”.
A reportagem da TVI refere que, “quando as gémeas luso-brasileiras chegaram ao Hospital de Santa Maria para receber o tratamento de quatro milhões de euros para a atrofia muscular espinhal, os neuropediatras opuseram-se e dirigiram, em novembro de 2019, uma carta ao então presidente do conselho de administração, Daniel Ferro, a dar contas das suas razões, da falta de dinheiro e pelo facto de as crianças já estarem a receber tratamento no Brasil”.
Esta carta desapareceu, mas foi entregue uma nova carta com o mesmo conteúdo da que foi enviada em 2020 ao Conselho de Administração, adiantou à Lusa o CHULN na segunda-feira.
O Presidente da República negou, no domingo, que tivesse intercedido junto do Hospital de Santa Maria ou de qualquer outra entidade, para que as duas pudessem beneficiar de tratamentos no Serviço Nacional de Saúde.
“Eu ontem [sábado] disse que não tinha feito isso. Não fiz. Não falei ao primeiro-ministro, não falei à ministra [da Saúde], não falei ao secretário de Estado, não falei ao diretor-geral, não falei à presidente do hospital, nem ao conselho de administração nem aos médicos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas.
Segundo o chefe de Estado, o que está em causa é saber “se interferiu, ou não interferiu, isto é, se pediu um empenho, pediu uma cunha para que sucedesse uma determinada solução favorável a uma pretensão de duas crianças gémeas doentes”.
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