“O Ministério da Saúde por este meio, vem informar a população em geral e as pessoas que se deslocam à São Tomé e Príncipe por diversas razões, sobre a existência de um surto da dengue no país causado sobretudo pelo vírus do dengue serotipo DEN3, sendo o primeiro caso suspeito detetado no dia 11 de abril do ano em curso, no distrito de Mé-Zóchi”, anunciou a ministra da Saúde, Filomena Monteiro em comunicado de imprensa.
Segundo a ministra, até terça-feira “foram notificados pela direção dos cuidados de saúde, através do departamento de vigilância epidemiológica, um total de 41 casos suspeitos da doença, sendo confirmado 30 por teste rápido de antigénio, serológicos e PCR-RT em colaboração com o Instituto de Higiene e Medicina Tropical em Lisboa, no dia 03 de maio”.
“Neste momento quatro pacientes encontram-se internados no Hospital Ayres de Menezes, sem ocorrência de óbitos”, acrescentou a ministra da saúde.
Segundo a governante o Ministério da Saúde constituiu um comité de coordenação nacional e internacional com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), que “elaborou o plano de contingência e mobilização de recursos para dar respostas ao surto da dengue” agora confirmado no país.
Filomena Monteiro destacou as ações desenvolvidas pelo comité de coordenação, nomeadamente a aquisição de teste para diagnóstico no país, formação e capacitação dos técnicos para o diagnóstico e tratamento de doentes, formigação com inseticidas nos locais com maior foco de casos, pesquisa de criadores de mosquitos transmissores da doença, aquisição de medicamentos e consumíveis, entre outras.
A ministra da saúde disse que os casos detetados foram notificados nos distritos de Água Grande, Mé-zóchi, Cantagalo, Lobata e na Região Autónoma do Príncipe, sendo que apenas os distritos de Caué e Lembá ainda não têm registos.
A ministra da saúde referiu que face “a gravidade da situação” o Governo apela a “colaboração responsável da população, dos setores da vida nacional, aos parceiros nacionais e internacionais” na adoção de medidas de prevenção da dengue.
Há cerca de duas semanas uma fonte médica contactada pela Lusa, referiu que existiam pacientes de todas as idades, incluindo duas crianças de 08 e 11 anos, e um estrangeiro que estava “nos cuidados a ser controlado”, e que tinha estado antes na Tailândia e noutras zonas onde a dengue é endémica.
Segundo a fonte que pediu anonimato, “o país não está preparado para fazer face a este surto pelos mesmos fatores que recaíram sobre a covid-19”.
“Temos profissionais de saúde, mas não temos um sistema de saúde que responda a um surto epidemiológico e dificilmente conseguimos responder a todos os casos”, acrescentou, referindo que “é uma situação complexa” que o país vai ter novamente que enfrentar como enfrentou a covid-9, mas desde já “requerer que os cuidados primários de saúde se organizem” para não se atingir “uma sobrelotação e deficiência na atenção da saúde aos doentes”.
Embora sem qualquer informação oficial à população, a fonte avançou que o Ministério da Saúde promoveu “uma formação de manejo de casos clínicos dos doentes com dengue, mas os profissionais estão à espera da direção dos cuidados primários” para saberem “a real situação epidemiológica”, o que ainda não foi feito.
É a primeira vez que São Tomé e Príncipe regista casos de dengue, por isso a fonte ouvida pela Lusa realçou a necessidade de se manter vigilante, na medida em que “apesar de ser viral, o mecanismo de transmissão é diferente das outras patologias como a covid-19”.
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