O secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, adiantou à agência Lusa que o sindicato enviou hoje de manhã uma carta ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, a pedir a retoma das negociações.

“A partir do momento em que o senhor Presidente da República comunicou que a dissolução não iria ocorrer desde já, e até evocou a garantia da necessidade de estabilidade económica e social, não há setor mais premente, com a instabilidade e a crise que se vive, que o Serviço Nacional de Saúde”, afirmou.

Roque da Cunha disse esperar que o ministro possa responder de “uma forma objetiva” à missiva do SIM, reconhecendo ser “muito difícil” alcançar o acordo que não foi conseguido nos últimos oito anos de Governo e nos últimos 18 meses do processo negocial com o Ministério da Saúde.

“Mas dada a circunstância da gravidade dos problemas que o Serviço Nacional de Saúde atravessa, dada a circunstância de só iremos ter um governo lá para junho do próximo ano, acho que seria possível na 25.ª hora tentarmos chegar a um acordo com o Governo de forma a mitigar os seríssimos problemas que os portugueses atravessam”, defendeu.

O SIM decidiu manter a greve ao trabalho extraordinário nos cuidados de saúde primários que, segundo o líder sindical, tem tido uma adesão de cerca de 70%, dependendo das regiões do país.

“É uma greve que tem tido uma grande adesão, até porque os médicos dos cuidados de saúde primários são muito assoberbados com trabalho”, disse, referindo que esta paralisação prejudica fundamentalmente os utentes sem médico de família, os atendimentos complementares e contribui para que haja uma “maior pressão” nas urgências hospitalares.

Em comunicado, o SIM expressa “a sua firme determinação na procura de soluções em prol da saúde dos portugueses, apesar da atual conjuntura política”.

Como o atual Governo se mantém “em plenas funções”, o sindicato considera que “não há, pois, qualquer justificação, nem formal, nem financeira, e muito menos ética, que impeça as negociações com os médicos”, que diz ser “imperativa e urgente”

Para o SIM, o Governo tem de “assumir as suas obrigações e resolver os problemas que existem”, não podendo “ignorá-los e empurrá-los para um outro Governo”.

“Não o fazer é deixar a população sem respostas. Não o fazer é insistir na degradação do SNS. Não o fazer é comprometer o futuro. É necessário um acordo sério. Não o atingir é virar as costas à responsabilidade”, realça no comunicado.

A última reunião entre o Ministério da Saúde e os sindicatos médicos estava marcada para a passada quarta-feira, mas foi cancelada na sequência do primeiro-ministro, António Costa, ter pedido a demissão.

Nesse dia, o ministro da Saúde tinha declarado no parlamento que as negociações com os sindicatos médicos iriam prosseguir, afirmando que ainda não tinha perdido a esperança de chegar a um acordo com os médicos.

Também hoje, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) pediu que fossem retomadas de imediato as negociações com o Ministério da Saúde.