Após uma visita às maternidades Bissaya Barreto e Daniel de Matos, o SMZC refere, em comunicado, que se deparou com um cenário "assustador para os cuidados maternoinfantis na região Centro pela persistente deficiência de recursos médicos e ausência de renovação do quadro médico".
A estrutura sindical entende que é "insuficiente" a contratação de duas profissionais em 2018 para a Obstetrícia e uma para a Neonatalogia em 2019, depois de um período de 10 anos sem novas contratações.
"É claramente insuficiente, pois o saldo continua negativo quando consideramos oito saídas por reforma", lê-se do comunicado, que salienta a necessidade de resolver a situação "a curto prazo".
Segundo o SMZC, mais de 50% dos recursos humanos de ambas as maternidades tem mais de 60 anos, "com apenas cinco médicos de Obstetrícia em cada unidade sem restrições para realizar urgência".
"O funcionamento da urgência de Obstetrícia e Neonatologia está sempre na ‘corda bamba', dependente de médicos de fora e da boa vontade dos mais velhos do quadro, que têm prescindido do seu direito de dispensa de serviço de urgência com grande custo pessoal e familiar, sendo evidente o desgaste e sobrecarga de trabalho", frisa a nota.
A estrutura sindical observa ainda que no serviço de Neonatalogia existem apenas cinco médicos na maternidade Daniel de Matos e quatro na Bissaya Barreto sem restrições para a realização de urgências, que funcionam 24 horas por dia durante toda a semana.
"O quadro médico da obstetrícia da maternidade Bissaya Barreto (que conta com 17 obstetras) continua a necessitar de renovação, pois desde 2018 já se reformaram dois médicos e um aguarda reforma, e na Daniel de Matos (que conta com 24 obstetras) dois já se reformaram e três atingem este ano a idade mínima de reforma", explica o SMZC.
Na Neonatalogia da Bissaya Barreto um médico aguarda também a passagem à reforma e dois atingem a idade mínima de reforma nos próximos dois anos.
O sindicato refere ainda que a realização de ecografias às grávidas seguidas nos cuidados primários foi afetada pela escassez de recursos, "tendo deixado ambas as maternidades de realizar a ecografia do terceiro trimestre".
"É inaceitável que um protocolo único e que garante qualidade máxima no cuidado materno-fetal esteja a ser afetado pela falta de renovação dos quadros médicos", considera o sindicato, salientando que as duas maternidades de Coimbra realizam anualmente cerca de 5.000 partos.
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