Já a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) afirma que, “independentemente do que acontecer”, vai continuar “a lutar pela defesa dos direitos dos médicos, mas, acima de tudo, do Serviço Nacional de Saúde”, disse à agência Lusa a sua presidente, Joana Bordalo e Sá.

O SIM e a Fnam tinham hoje mais uma ronda negocial com o Ministério da Saúde, que foi desmarcada na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro, António Costa, na terça-feira, ao Presidente da República, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.

Joana Bordalo e Sá adiantou que a reunião foi cancelada na terça-feira à noite “sem explicações”, sublinhando que a FNAM aguardam agora “com serenidade e tranquilidade” a comunicação do Presidente da República sobre o futuro para perceberem quem vai ser o seu interlocutor.

“Depois disso, a Comissão Executiva da Fnam vai reunir para tomar decisões”, mas, por agora, mantém tudo o que tem agendado, nomeadamente a greve e a ida a Bruxelas, onde irá reunir-se com os eurodeputados e a comissária para a Saúde, Stella Kyriakides, para “apresentar um retrato da situação dramática que se vive na Saúde em Portugal e apresentar, neste âmbito, as soluções da FNAM para que se recupere, com urgência, a carreira médica e o SNS.

O secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, adiantou que, caso se avance para eleições legislativas, será suspensa a greve que está a decorrer às horas extraordinárias, “uma vez que não existindo o interlocutor, não faz sentido que esse processo continue”.

No entanto, sublinhou que os médicos mantêm a “sua preocupação e a sua indignação em relação à incapacidade que foi demonstrada para que o Serviço Nacional de Saúde fosse reforçado”.

Por outro lado, o SIM irá apelar aos médicos para suspenderam a entrega das escusas ao trabalho extraordinário além das 150 horas, porque numa “crise do Serviço Nacional de Saúde com uma crise política (…) os grandes prejudicados serão os portugueses”.

“É uma decisão individual e naturalmente que respeitaremos qualquer que seja a decisão dos nossos colegas, mas naturalmente iremos apelar a que, caso haja eleições legislativas, que esse processo possa de alguma maneira ser mitigado já que não existem interlocutores”, disse Roque da Cunha.

“Naturalmente que os médicos continuam com mais do que razões para estarem indignados, estarem cansados, mas que possam de alguma forma mitigar esse sofrimento dos portugueses”, sustentou.

Sobre a reunião que estava marcada para hoje, Roque da Cunha reconheceu que, caso acontecesse, “seria muito difícil” alcançar um acordo “nesta particular situação de demissão do primeiro-ministro”.

Desejou ainda que se possa ultrapassar rapidamente esta situação que “vai causar atrasos, perturbações”, manifestando a “disponibilidade total para encontrar soluções”.