Enquanto muitos países africanos colocaram todo ou parte do seu território em confinamento ou impuseram toques de recolher obrigatório, a Tanzânia não seguiu o exemplo. O sistema escolar está fechado, mas os terminais de autocarros e mercados continuam cheios.
Magufuli, apelidado de "trator" (tingating em suaíli), é mais um dos poucos líderes políticos mundiais que colocam em dúvida o perigo da pandemia.
É hora de consolidar nossa fé e seguir a oração a Deus, em vez de colocar máscaras no rosto
"É hora de consolidar nossa fé e seguir a oração a Deus, em vez de colocar máscaras no rosto. Não deixem de rezar em igrejas e mesquitas", declarou no mês passado em Dodoma, a capital política.
Este país da África do leste, com quase 60 milhões de habitantes, constatou o seu primeiro caso de coronavírus a 16 de março, e os infetados aumentaram em uma semana de 32 para 147 casos. Pelo menos, cinco morreram esta segunda-feira (20).
"Deus proteger-nos-á"
A economia foi fortemente atingida pela pandemia, uma vez que o fluxo de turistas para desfrutar dos parques nacionais e praias foi interrompido. Este setor é a sua maior fonte de rendimento estrangeiro.
Nas ruas de Dar es Salaam, antiga capital, os habitantes afirmam temer o vírus e fazer o possível para evitá-lo enquanto continuam a ganhar o seu sustento.
Hemedi Masud, motorista de moto-táxi, pede que os seus passageiros "lavem as mãos antes de embarcar na moto". "O problema", acrescenta, "é que só tenho um capacete e os meus clientes precisam de partilhá-lo".
"Tenho realmente muito medo do coronavírus e é arriscado estar aqui, mas não posso evitar. A minha família precisa de comer e aqui é onde ganho a vida", afirma.
O governo proibiu que os autocarros aceitem mais passageiros do que o seu número de assentos, mas essa medida apenas provocou maiores filas nos terminais em horário de maior movimento.
"Com o confinamento evitaremos o coronavírus, mas morreremos de fome em casa. Deus proteger-nos-á", afirma Anna John, vendedora ambulante, que acredita que trancar-se em casa é impossível, como para tantos africanos.
Freeman Mbowe, líder opositor, critica fortemente o Presidente, acusando-o de se preocupar somente "com a salvação da economia e com os seus grandes projetos de infraestruturas".
Burundi, o país vizinho, também optou pela vida normal, como a Tanzânia, ambos em ano eleitoral.
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