Em algumas áreas, como as mais afetadas pelo vírus nos Estados Unidos, o uso de máscara é mais uma vez recomendado, e a campanha de vacinação está a ser novamente promovida.
Na China, o primeiro país a conter a pandemia em 2020, um novo surto ameaça a política de zero COVID-19, com casos a espalhar-se de Nanquim (leste) para cinco províncias e a capital, Pequim, pela primeira vez em seis meses.
Depois de nove funcionários do aeroporto de Nanquim testarem positivo a 20 de julho, 184 infeções foram detetadas esta sexta-feira (30) na província de Jiangsu, e 206, em todo país. Centenas de milhares de pessoas estão mais uma vez confinadas nesta região e em Pequim.
A eficácia das vacinas chinesas levanta questões, porque a maioria dos novos casos ocorre em pessoas vacinadas. Podem "desacelerar a propagação e reduzir a taxa de mortalidade", mas não "erradicar o vírus", afirmou Zhang Wenhong, um especialista em doenças infecciosas de Xangai.
Na Austrália, a polícia de Sydney contará com a ajuda de 300 soldados para fazer cumprir as restrições na maior cidade do país, de cinco milhões de habitantes. Lá, o número de infeções bateu um novo recorde na quinta-feira (29).
Já na sua quinta semana, o confinamento será mantido até 28 de agosto, mas muitos violam a medida, indo às praias, ou parques.
Uma semana após o início dos Jogos Olímpicos, o Japão estendeu o estado de emergência até ao final de agosto em Tóquio e em outros quatro departamentos.
"A infeção está a espalhar-se a uma velocidade nunca antes vista", declarou o governo esta sexta-feira, com um recorde de mais de 10.000 casos por dia. Os organizadores dos Jogos Olímpicos também detetaram 27 novos casos.
Contagioso como a varicela
Numa nota interna, o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos estima que a variante Delta é tão contagiosa quanto a varicela e causa consequências mais sérias nos pacientes, informam os jornais The Washington Post e The New York Times.
Por isso, frisa o documento, os americanos, mesmo vacinados, devem usar a máscara em áreas onde o vírus circula muito. E, para aumentar a vacinação que parece estar estagnada, o presidente Joe Biden pediu às autoridades locais que paguem 100 dólares a quem for vacinado pela primeira vez.
Israel, que acreditava que a sua população estivesse imunizada e protegida, restabeleceu o passe de saúde na quinta-feira em locais com mais de 100 pessoas e lançou uma campanha "complementar" com uma terceira dose para pessoas acima de 60 anos. Nesta sexta-feira, o presidente israelita, Isaac Herzog, recebeu a sua.
Na Europa, onde muitos países estão a enfrentar uma quarta onda, também há mudanças. Em Espanha, o toque de recolher foi estendido em Barcelona e em parte da Catalunha.
A partir de domingo (1/08), a Alemanha vai generalizar a obrigação de os turistas não vacinados apresentarem um teste anticovid-19 no seu ingresso no país, "de avião, carro, ou comboio".
A França ordenou, por sua vez, o confinamento das ilhas ultramarinas da Reunião e da Martinica.
Nem tudo são más notícias, porém. A zona do euro cresceu no segundo trimestre, com uma aumento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), após duas quedas trimestrais consecutivas.
"Salvar vidas"
A pressão aumenta para acelerar a vacinação, mas a sua aplicação continua muito desigual ao redor do mundo. Os países mais ricos administraram em média 97 doses por cada 100 habitantes, e os mais pobres, apenas 1,6.
O sistema Covax, que supostamente permite o envio gratuito de imunizantes para os países pobres, espera receber 250 milhões de doses nas próximas seis a oito semanas, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Enquanto isso, a situação é "desesperadora" em Mianmar, alertou o Reino Unido, que pediu ao Conselho de Segurança da ONU que garanta que as vacinas possam ser distribuídas para este país, apesar da crise desencadeada desde o golpe de Estado militar de fevereiro passado.
Nas Filipinas, 13 milhões de pessoas serão confinadas novamente na próxima semana, na região de Manila, para "salvar mais vidas".
Na África, o Senegal, relativamente a salvo por muito tempo, vive um surto de infeções, com os hospitais sem oxigénio. Este material também é escasso na Tunísia.
A Colômbia alertou que pode restringir o acesso a espaços públicos para pessoas não vacinadas.
A pandemia de COVID-19 provocou pelo menos 4.202.179 mortos em todo o mundo, entre mais de 196,5 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência France-Presse.
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.344 pessoas e foram registados 966.041 casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.
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