Gerir a alimentação de forma saudável depende muito do envolvimento em que estamos inseridos, dos estímulos que temos e da disponibilidade de alimentos. A escassez alimentar do passado contribuiu, possivelmente, para o facto de hoje em dia darmos um valor emocional exagerado à comida. Com base neste pressuposto, as grandes superfícies comerciais não perderam tempo.

Todos os dias apelam ao consumo de alimentos muito ricos caloricamente, muito processados e sem valor nutritivo, uma vez que estes são frequentemente mais baratos e mais acessíveis a todos. Estes alimentos tendem a criar alguma adição, perpetuando-se uma alimentação baseada essencialmente em produtos de pobre qualidade nutricional.

Existem, no entanto, estratégias que podem proteger-nos desta adversidade. Os investigadores do Food and Brand Lab, da Universidade de Cornell, nos EUA, que estudam há 20 anos o comportamento alimentar, nomeadamente as decisões que tomamos no supermercado, identificaram três estratégias muito simples para fazer escolhas mais saudáveis.

1. Coma uma maçã antes de ir às compras

Já todos ouvimos falar do impacto de ir às compras com fome: acabamos por comprar mais comida e de pior qualidade. Usualmente, acabamos por comprar alimentos muito processados e muito ricos em açúcar.

Saciar a fome antes de ir ao supermercado evita esta tendência, mas aquilo que come também influencia as escolhas. Os investigadores do Food and Brand Lab concluíram que quem come uma maçã antes de ir ao supermercado compra 25% mais fruta e vegetais.

2. Comece pelos vegetais

O impulso para comprar vai-se reduzindo à medida que o carrinho vai ficando cheio. Além disso, tal como uma fruteira à vista torna a fruta mais atrativa e fácil de comer do que escondida na gaveta de baixo do frigorífico, um carrinho com fruta e vegetais reduz o impulso para comprar alimentos menos saudáveis a seguir.

Assim, a primeira paragem no supermercado deverá ser na secção de frutas e vegetais. Coloque-os na primeira metade do carrinho (mais perto de si) e dedique a zona mais longínqua para os restantes produtos.

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3. Não acredite em tudo o que lê

Muitas vezes, a informação que lemos em primeiro lugar numa embalagem é enganadora. Alegações como Magro, 0% Açúcar, Light não devem determinar as suas opções. É necessário verificar no rótulo os níveis de açúcar, sal, gordura saturada e fibra em todos os alimentos das diferentes categorias. Segundo o Food and Brand Lab, quem tem excesso de peso tem uma forte tendência.

Tende geralmente a comer demais quando optam por produtos magros pelo que devem optar pelas versões normais dos produtos. Mas mesmo quem não tem peso a mais deve ponderar o recurso a estes alimentos, uma vez que, muitas vezes, os ingredientes utilizados em substituição da gordura em produtos magros podem deixá-la com fome, levando-a a comer em excesso.

Como fazer uma lista de compras inteligente

Segundo Teresa Branco, fisiologista especializada na gestão do peso e diretora do Instituto Prof. Teresa Branco, estas são as regras a seguir para não adquirir o que não deve:

- Organize-a por grupos de alimentos. Os vegetais, a fruta, os laticínios, a carne e o peixe, os ovos, o pão, os cereais, os frutos secos, as bagas…

- Registe a quantidade de que necessita, tendo em conta que há alimentos que têm um tempo de conservação curto.

- Compre para pouco tempo de forma a evitar o desperdício alimentar.

Texto: Vanda Oliveira com Teresa Branco (fisiologista especializada na gestão do peso e diretora do Instituto Prof. Teresa Branco)