«A acupunctura é uma técnica terapêutica que atinge os seus efeitos através da modulação da actividade do sistema nervoso. Esses efeitos são conseguidos através da inserção de agulhas metálicas sólidas e finas no trajecto de nervos periféricos e feixes neuro-vasculares, bem como outras estruturas corporais neuro-reactivas», descrevem António Paulo Encarnação, Helena Pinto Ferreira e Hugo Silva Pinto, médicos coordenadores do curso de Acupunctura Médica da Faculdade de Ciências Médicas, da Universidade Nova de Lisboa.
«A principal indicação para o tratamento com acupunctura é a dor de origem muscular e uma grande parte das situações de cefaleias ou dorso-lombalgia crónica tem na sua origem um componente muscular importante», refere este grupo de médicos.
Segundo os especialistas, a punctura directa destes músculos provoca a libertação local de substâncias vaso-dilatadoras (como o óxido nítrico) que aumentam a concentração de oxigénio e o aporte de nutrientes ao músculo. Para além disso, promove a eliminação de substâncias que sensibilizam as terminações nervosas e favorecem a transmissão de estímulos dolorosos.
«A acupunctura também promove a libertação de substâncias analgésicas (opióides) na medula espinhal, bem como a síntese pela hipófise de ACTH, uma hormona que vai estimular a libertação de cortisol, a partir da glândula suprarenal, e tem propriedades anti-inflamatórias», realçam.
Contra-indicações
O uso da acupunctura deve ser avaliado em doentes com alterações da coagulação ou que estejam a tomar medicação anticoagulante e também no caso de pessoas com doenças valvulares cardíacas ou próteses valvulares. «Em doentes com pacemaker não há contra-indicação absoluta, mas as agulhas não devem ser ligadas a eléctrodos», alertam os especialistas.
«Áreas com edema (após uma mastectomia) não devem ser puncturadas dado o risco acrescido de infecção cutânea, tal como acontece em doentes com diminuição da imunidade», referem os médicos acrescentando que «em três por cento dos tratamentos de acupunctura podem acontecer reacções adversas ligeiras como hemorragia, dor no momento da picada, agravamento transitório dos sintomas, tonturas ou desmaio.»
«Os principais riscos graves são o pneumotórax [acumulação anormal de ar entre o pulmão e a membrana que reveste o tórax] e traumatismo de artérias e nervos, a lesão de órgãos internos como o coração, baço, fígado e rim, infecções cutâneas graves e septicemia e transmissão de hepatite B e C. Estes efeitos são muito pouco frequentes e, normalmente, resultado de má prática», rematam.
Outras descobertas
Um estudo do National Center for Complementary and Alternative Medicine (NCCAM)e do National Institute of Arthritis and Musculoskeletal and Skin Diseases demonstrou que a acupunctura é eficaz no tratamento de doentes com artrite no joelho, diminuindo as dores e melhorando o movimento.
Segundo uma investigação da University of Maryland of Medicine’s Center for Integrative Medicine, a acupunctura aumenta as probabilidades de sucesso das fertilizações in vitro.
Sabia que...
«Em média, e dependendo da avaliação individual de cada doente, o tratamento de um caso de lombalgia ou cefaleia crónica envolverá cerca de seis a oito sessões, realizadas uma ou duas vezes por semana», explicam os coordenadores do curso de Acupunctura Médica Contemporânea, da Faculdade de Ciências Médicas.
Texto: Rita Caetano com António Paulo Encarnação, Helena Pinto Ferreira e Hugo Pinto (médicos coordenadores do curso de Acupunctura Médica da Faculdade de Ciências Médicas, da Universidade Nova de Lisboa)
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