A diabetes, que pode ser de vários tipos, como explica o projeto informativo multiplataforma Diabetes 365º, é uma doença crónica que ocorre quando o pâncreas deixa de produzir insulina ou quando o organismo não consegue fazer um bom uso da mesma, apesar de a produzir. Quando tal sucede, os níveis de glicose no sangue aumentam, já que é a insulina que permite que a dextrose dos alimentos que ingerimos passe da corrente sanguínea para as células do corpo para produzir energia.
Segundo a Federação Internacional de Diabetes, a longo prazo, níveis elevados de glicose estão associados a vários danos no corpo e à falência de vários órgãos e tecidos, daí a importância de controlar a glicemia, várias vezes ao dia. Todas as pessoas têm oscilações da glicemia durante o dia mas, nos diabéticos, essas alterações são ainda mais frequentes e acentuadas. O seu controlo, através da sua medição, é fundamental para que os doentes consigam gerir a diabetes da melhor maneira e corram menos riscos.
A má gestão da doença pode conduzir a complicações derivadas desta patologia, que afeta mais de um milhão de portugueses entre os 20 e os 79 anos, sobretudo devido aos altos níveis de açúcar, que danificam os vasos sanguíneos, dificultando a circulação. A Associação Britânica de Diabetes garante que este gesto é essencial para que os diabéticos evitem não só as hiperglicemias, a subida repentina dos níveis de açúcar no sangue, como também as hipoglicemias, a descida dos níveis de açúcar no sangue. Além disso, os resultados também indicam se é necessário alterar a medicação e até a necessidade ou não de ingerir alimentos.
Sabemos também que os diabéticos são encorajados a fazer exercício físico. Entre as vantagens apontadas pelos especialistas estão o aumento da sensibilidade à insulina, o que poderá posteriormente requerer uma redução na dose medicamentosa e o controlo da glicose no sangue nas pessoas com diabetes tipo 2. Mas para que a prática desportiva aconteça, a glicose deve estar controlada para que o exercício seja realizado de forma segura. Os doentes que sofrem de diabetes tipo 1 devem, todavia, precaver-se.
Devem avaliar a glicose antes e após o exercício e, nalguns casos, segundo a generalidade dos especialistas, poderão ter de a monitorizar também durante a prática desportiva no interior ou no exterior. Esse é um dos fatores a ter em conta antes de ir para a rua. A glicemia pode ser verificada através do teste de picada no dedo, o método mais comum, mas também com recurso ao monitor flash de glicose, ao monitor contínuo de glicose ou através de análises ao sangue. Será o médico assistente a indicar quais usar.
No primeiro caso, como explica a Associação Britânica de Diabetes, o teste é feito com uma gota de sangue retirada do dedo, que é depois colocada numa tira de medição ligada a um dispositivo eletrónico que regista o resultado. A maioria dos diabéticos não sente dificuldades na sua realização, que se torna parte da rotina diária. No entanto, há sempre o desconforto da picada no dedo. Já existem também dispositivos para fazer a medição na parte superior do braço, no antebraço, na base do polegar e na coxa. A picada do dedo continua, no entanto, a ser o método mais fidedigno.
Mais recentemente, surgiu o sistema de monitorização flash da glicose, com o qual não é necessário fazer uma punção capilar do dedo. É indicada para medir os níveis de glicose no líquido intersticial, com características distintas e particulares relativamente ao método anterior. Este sistema é constituído por três componentes. Além de um sensor descartável, integra um leitor e um software. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), o sensor é aplicado na parte posterior do braço.
Resistente à água até um metro de profundidade e até 30 minutos de imersão, pode ser utilizado durante o banho e durante o exercício, incluindo a natação. O leitor é portátil e leve, com um ecrã táctil. O software permite a gestão de dados da glicose e fornece um relatório do perfil ambulatório de glicose. Este sistema, lê-se num artigo publicado no site desta organização, "representa uma revolução na autogestão da diabetes devido à sua facilidade de utilização e uma melhoria do controlo da diabetes".
Está ainda associado "a uma redução dos casos de hipoglicemias e intervenção clínica mais efetiva", garante a instituição. De acordo com a mesma análise, este método permite obter um perfil completo de glicose com disponibilização de informação fácil de interpretar e de utilizar pelo doente, contribuindo para melhorar a sua adesão ao tratamento e o controlo metabólico da diabetes. Além de proporcionar uma melhor qualidade de vida e consequente melhoria do estado psicológico e motivacional do doente, já que é um método indolor, pois não necessita da punção do dedo.
A monotorização deve ser constante. A Sociedade Britânica defende mesmo que este processo deve ser complementado, de quando em vez, com a picada do dedo, já que não mede o açúcar no sangue, mas a quantidade de açúcar no fluido que envolve as células, chamado fluido intersticial, podendo haver um atraso na leitura. O mesmo acontece com o monitor contínuo de glicose, um pequeno aparelho que se coloca debaixo da pele e mede os níveis de glicose no líquido intersticial sem interrupções.
Ainda alerta para baixas e subidas da glicemia. É composto por um sensor, um transmissor e um leitor dos dados. Para além de fazer a medição da glicose em casa, os diabéticos devem também fazer o teste da hemoglobina glicada (HbA1c), pelo menos de seis em seis meses, segundo a generalidade dos especialistas, para avaliar o grau de controlo glicémico. Esta análise ao sangue pode ser feita a qualquer hora do dia, não requerendo jejum. Em Portugal, apenas 56% estarão diagnosticados.
Como evitar as oscilações de glicemia
Estes são alguns dos gestos preventivos que deve adotar no quotidiano para conseguir manter a doença controlada:
- Verifique com frequência, através do método aconselhado pelo seu médico assistente, os níveis de glicemia. É essencial nunca menosprezar este gesto.
- Mantenha os horários de refeições e de exercício físico. Procure manter uma rotina que lhe garanta alguma estabilidade.
- Adote uma dieta equilibrada. É fundamental manter os níveis de açúcar do sangue dentro dos parâmetros recomendados, evitando não só as subidas, que são perigosas a longo prazo, como também as descidas, mais perigosas no momento.
- Não deixe de tomar a medicação aconselhada pelo seu médico. Esta é uma recomendação fundamental que pode fazer toda a diferença na sua vida futura.
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