As doenças reumáticas afetam o sistema musculoesquelético, isto é, músculos, ossos, articulações, cartilagem, e/ou estruturas peri-articulares (como tendões, ligamentos ou fáscias). Algumas doenças reumáticas podem também afetar os rins, coração, pulmões, olhos, intestino e até a pele.
As doenças reumáticas são das doenças que mais afetam a população, causando dor e incapacidade para o trabalho, bem como para as atividades da vida diária. Podem atingir desde crianças a idosos e ambos os sexos, embora as mulheres sejam as mais atingidas.
As queixas musculoesqueléticas são das primeiras causas de consulta em medicina Geral e Familiar, sendo que muitos destes doentes terão depois de ser encaminhados para uma consulta de especialidade em Reumatologia. Dada a escassez de recursos humanos desta especialidade no serviço nacional de saúde, por vezes esta referenciação torna-se difícil ou mais demorada.
Segundo dados do EpiReumaPt, em Portugal, mais de metade da população adulta sofre de doenças reumáticas (56%), mas 3 em cada 10 pessoas nem sequer sabem e apenas cerca de 22% estão diagnosticadas.
Causa desconhecida
Não se sabe bem qual a causa destas doenças, mas pensa-se que serão vários fatores a intervir no seu aparecimento - genéticos, imunológicos, ambientais. Há, contudo, alguns fatores de risco reconhecidos, como a idade, o tabagismo, a obesidade, o sedentarismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e a toma de alguns medicamentos.
Apesar de os sinais e sintomas destas doenças serem variados, estes doentes queixam-se de dor, limitação de movimentos, por vezes inflamação das articulações (com calor e inchaço), rigidez quando se movimentam, fraqueza, fadiga. Os médicos de Medicina geral e familiar estão, hoje em dia, mais despertos para estas queixas e, assim, fazem mais diagnósticos de doenças reumáticas.
É importante fazer um diagnóstico precoce, referenciar rapidamente os doentes com patologia inflamatória e iniciar um tratamento eficaz o mais rápido possível. Assim, podemos controlar as queixas dos doentes, evitar as deformações e incapacidade e permitir uma vida normal e ativa.
Um artigo da médica Maria João Salvador, especialista em Reumatologia e Secretária-Geral da Sociedade Portuguesa de Reumatologia.
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