UL-250 Cápsulas
Portugal é um dos países europeus com maior consumo de antibióticos. Só em 2019 consumiram-se mais de 9,9 milhões de unidades. É também um dos países onde existe um maior desconhecimento sobre a sua ação: 60% dos portugueses pensam que os antibióticos atuam sobre os vírus e 50% acreditam que servem para tratar a gripe e constipações, o que está muito acima da média europeia. Apenas 20% referem ter recebido informação nos últimos 12 meses sobre este assunto.
Quando tomamos um antibiótico, as bactérias existentes no nosso corpo que são sensíveis ao antibiótico acabam por morrer. Mas ao multiplicarem-se, algumas bactérias sofrem modificações (mutações) que as tornam resistentes a esse antibiótico, dando origem a novas bactérias que se vão multiplicando, pelo que o antibiótico deixa de atuar.
Todos os antibióticos têm potencial para originar bactérias resistentes. Quanto mais vezes se tomar um antibiótico, maior a possibilidade de gerar resistência ao mesmo. Estima-se que em 2050 morram 10 milhões de pessoas em todo o mundo com infeções causadas por bactérias.
O que é a microbiota intestinal?
Existem cerca de 100 triliões de bactérias no nosso intestino – quantidade que equivale aproximadamente 2 a 3 kg do peso total de uma pessoa. A esse conjunto de bactérias dá-se o nome de microbiota intestinal.
A microbiota intestinal desempenha um papel essencial em vários processos fisiológicos. Limita o crescimento de microrganismos patogénicos competindo por nutrientes, fornecendo um efeito de barreira ou produzindo substâncias bactericidas.
A microbiota também ajuda a manter um sistema imunológico funcional. Além de renovar o epitélio intestinal e também desempenhar um papel no metabolismo através da produção de vitaminas e a transformação de açúcares complexos.
Os efeitos dos antibióticos na microbiota intestinal
O tratamento com antibióticos pode levar a uma alteração significativa na microbiota intestinal que nem sempre é reversível. Esta situação produz um desequilíbrio no ecossistema intestinal porque reduz certas populações de bactérias associadas positivamente ao nosso sistema imunológico e favorece o crescimento de outras que podem produzir diarreia.
A diarreia é normalmente um sinal de alarme do desequilíbrio da microbiota intestinal que pode desencadear diferentes doenças no organismo.
Para evitar esta situação, é preciso tentar minimizar o desequilíbrio da nossa microbiota intestinal e/ou tentar recuperá-la no caso de a prevenção não ter sido possível.
As consequências da toma de antibióticos
O efeito mais conhecido da toma de antibióticos é a diarreia que ocorre em cerca de 30% das pessoas, durante o tratamento ou até meses depois. Mas isto é unicamente o sinal visível de que há alguma coisa a mudar no organismo, e mais concretamente nos estudos mais recentes relacionam a microbiota intestinal com diferentes doenças digestivas como podem ser a Síndrome do Intestino Irritável ou a doença de Crohn, onde sabemos que os pacientes têm uma microbiota intestinal menos diversa.
O mais evidente é o efeito que pode ter o desequilíbrio do nosso intestino em outras doenças como a diabetes em adultos, mas também a obesidade em adultos e crianças. As crianças têm uma microbiota imatura e a toma de antibióticos pode interferir no seu desenvolvimento. O mesmo acontece com as alergias onde uma baixa diversidade da microbiota durante as primeiras semanas de vida tem sido associada a um maior risco de sensibilização alérgica.
Outras doenças relacionadas também com a toma de antibióticos e o desequilíbrio na microbiota são as psiquiátricas como podem ser a ansiedade e a depressão. Esta relação está demonstrada em adultos, mas também se observa no comportamento das crianças. O risco é maior quanto maior for o número de tratamentos com antibióticos.
Os probióticos e a sua importância
Os probióticos são microrganismos vivos que contribuem para o bem-estar de quem os toma. São classificados por espécie, género e, por último, estirpe (ou cepa), que detalha alguns aspetos mais concretos das suas características.
Um microrganismo, embora partilhe a espécie e o género com outros, tem características que podem ser totalmente diferentes consoante a estirpe a que pertence. Por exemplo, a bactéria Escherichia coli Nissle 1917 é uma das primeiras estirpes probióticas que se descobriu e tem efeitos antidiarreicos.
Por outro lado, uma bactéria da mesma espécie e do mesmo género, mas com estirpe diferente, como Escherichia coli O157H:7, é um microrganismo que provoca diarreia quando coloniza o intestino. Por este motivo, se tomarmos probióticos devemos ter em conta a sua estirpe.
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