Os números são deveras preocupantes e não apenas em território nacional. De acordo com as estimativas globais, existem atualmente à volta de mil milhões de fumadores em todo o mundo. São cerca de um quinto da população mundial. A maioria, oitocentos milhões, são homens mas, nas últimas décadas, o número de mulheres tem crescido exponencialmente, transformando o tabagismo num problema de saúde pública transversal, como têm vindo a revelar os dados apurados pelas autoridades.

Segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), o organismo de saúde pública dos Estados Unidos da América, só neste país, diariamente, à volta de 1.600 crianças e adolescentes fumam um cigarro pela primeira vez. Muitos ganham o vício. Na maior parte dos países, a realidade não é muito diferente. Atenta ao problema, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou, no início de dezembro de 2020, uma campanha de sensibilização e prevenção, que se estende até ao final de 2021.

A iniciativa pretende desafiar 100 milhões de pessoas em todo o mundo a tentar deixar de fumar com o auxílio das redes sociais. A ideia é criar e dinamizar grupos de trocas de informações e de experiências, fomentando depois o desenvolvimento de correntes de incentivo e de apoio mútuo. A nicotina presente no tabaco afeta praticamente todos os órgãos humanos, como vai perceber de seguida, pelo que é importante que se mentalize que, para viver mais e com melhor saúde, vai ter mesmo que deixar de fumar.

Os efeitos nos pulmões

Ao fumar, inala-se fumo e absorve-se nicotina. Cerca de 90% dos casos de cancro do pulmão são causados pelo tabagismo. 80% dos de doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) também têm o cigarro como origem. Com o passar dos anos, as vias respiratórias vão sendo danificadas, surgindo em muitos casos tosse persistente, pieira e/ou catarro. Os brônquios também são afetados, sendo o tabagismo uma das principais causas de bronquite. Os asmáticos veem igualmente a sua condição piorar.

Os efeitos no coração

As pessoas que fumam têm um risco acrescido de doenças cardiovasculares, como também alerta o projeto informativo Cardio 365º. A presença da nicotina no organismo, além de danificar as veias, contribui para uma contração dos vasos sanguíneos, dificultando a circulação do sangue. O tabaco também reduz os níveis de HDL, o colesterol benéfico, aumentando simultaneamente os de LDL, o colesterol mais nocivo. O mau estado das veias facilita a acumulação desta substância no organismo.

Os efeitos no estômago

A perda de apetite é outra das consequências do consumo regular de tabaco. Com o passar do tempo, os fumadores vão perdendo o paladar. As úlceras no estômago e/ou no duodeno são outra das sequelas apontadas pelos especialistas. Fumar está também, muitas vezes, associado ao consumo de bebidas alcoólicas, também elas prejudiciais para o estômago, como alerta um artigo do Cardio 365º, um projeto de literacia de saúde multiplataforma que pretende informar, esclarecer e ajudar os portugueses.

Os efeitos nos órgãos reprodutores

A infertilidade é uma das principais consequências negativas a este nível, afetando igualmente os dois sexos, independentemente da idade. Nos homens, por causa da contração dos vasos sanguíneos, está também na origem de disfunção erétil permanente ou de dificuldades pontuais na ereção. Nas mulheres, é fator potenciador de cancro do colo do útero e de menopausa precoce. As grávidas que fumam regularmente correm maiores riscos de abortar e de vir a sofrer de asma e de infeções nos ouvidos.

Os efeitos no cérebro

Nos últimos anos, a legislação nacional obrigou os fumadores a seguirem regras mais apertadas, o que acabou por contribuir para uma descida do tabagismo em território nacional. A privação, ainda que momentânea de tabaco, aumenta, no entanto, os níveis de ansiedade e de irritação, em caso de inibição prolongada, alertam os especialistas. Essa carência está também na origem de mudanças de humor e de estado de espírito repentinas. A dependência é outra das consequências da nicotina apontadas.

Os efeitos na pele

O fumo do tabaco afeta a oxigenação da pele, o maior órgão humano, tornando-a mais baça, mais rugosa e mais envelhecida. À medida que o tempo vai passando, o microbioma da derme vai perdendo a capacidade de se defender das ameaças externas, aumentando a oxidação das células. A redução da produção de colagénio também afeta a pele, que perde vitalidade. Os dedos das mãos e as unhas também tendem a ficar amarelados com o prolongamento do vício. O cheiro no cabelo é outro problema.