Ainda que as infeções urinárias se possam manifestar durante todo o ano, o contacto da zona vaginal com tecidos húmidos como os dos fatos de banho e dos biquínis ou com o cloro das piscinas, mais frequente no verão, favorece o seu aparecimento. A causa deste problema é essencialmente bacteriana e tem um nome, E. Coli. Os fatores de risco são vários e, além da humidade, podem ter a ver com a falta de higiene e/ou dever-se à menopausa e a malformações congénitas.

Os principais sintomas da cistite são uma micção frequente e dolorosa, sendo o diagnóstico do problema geralmente feito através de uma anamnese e de um exame clínico em laboratório. As complicações, embora raras, podem levar a pielonefrite, uma grave inflamação que atinge os rins. O tratamento desta infeção é, tradicionalmente, feito à base de antibióticos. Para não correr riscos desnecessários, há gestos que pode (e deve) adotar nos períodos de maior calor.

Se pertence aos 20% de mulheres que sofrem de infeções urinárias por repetição, saiba que tomar arandos vermelhos pode ajudá-la a reduzir até 50% o risco de novas infeções. E pode fazê-lo sem necessidade de tomar antibióticos nem outros fármacos. As propriedades preventivas deste fruto, ainda pouco consumido pelos portugueses, devem-se às proantocianidinas, uma variedade de polifenois que impedem a adesão das bactérias aos tecidos corporais.

O que fazer após os primeiros sintomas

Aos primeiros sinais de cistite, deve ingerir muitos líquidos. Essa é a primeira regra a seguir. Há especialistas que sugerem mesmo que, nas primeiras horas, deve beber entre um litro a um litro e meio de água ou de infusões de ervas ou de frutos vermelhos. Intervindo ao nível da bexiga, consegue eliminar facilmente os germes através da urina, depurando este órgão. Ingerir muitos líquidos é também uma das formas de prevenção do problema reconhecidas.

Em 2014, a Fundação Grünenthal distinguiu com o Prémio Grünenthal Dor 2013 dois grupos de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). O trabalho "Administração intratecal de toxina botulínica do tipo A melhora o funcionamento da bexiga e reduz a dor em ratos com cistite", da autoria de Ana Coelho, Raquel Oliveira, Ornella Rossetto, Francisco Cruz, Célia Duarte Cruz e António Avelino, foi contemplado com uma verba de 7.500 €.

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Esta investigação da FMUP e do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), pretendia avaliar se a injeção de toxina botulínica do tipo A na medula espinhal era capaz de diminuir a dor a animais com cistite como modelo de dor visceral. "Este modelo utiliza-se no estudo experimental da cistite intersticial", explicou, na altura, Ana Coelho. Segundo a investigadora principal do estudo, esta é "uma patologia que se caracteriza por uma forte dor na zona pélvica associada a um aumento da necessidade de urinar". Os resultados revelaram que a administração da toxina diretamente no sistema nervoso central permite que atue de forma eficiente nos neurónios sensitivos, diminuindo a dor pélvica e melhorando do funcionamento da bexiga.

"No futuro, consideramos que a translação deste efeito para o humano poderá ajudar a tratar não só a dor pélvica mas também outros tipos de dor intratável, tais como a dor associada a determinadas neoplasias", afirmou, na ocasião da atribuição do financiamento, a investigadora da prestigiada faculdade portuense. "Para alguns doentes, nenhum tratamento é eficaz e a dor torna-se insuportável, podendo mesmo levar à remoção cirúrgica da bexiga", alertou ainda a cientista.