Acha que lhe aconteceu algo insuperável? Ao contrário da resignação, a aceitação de uma perda permite-lhe seguir em frente enquanto desfruta dos aspetos positivos da vida. O truque da autoaceitação consiste em desenvolver uma forma de pensar empírica e lógica. Por exemplo, pense se preferia ser amado ou aceite pelas pessoas que são importantes para si ou se não precisa disso para ser verdadeiramente feliz. Há quem não precise...
Provavelmente, preferia não cometer erros mas, se falhar, aceite a sua condição de ser humano que faz equívocos como acontece ao mais comum dos mortais. Pense se preferia conseguir o que quer e ambiciona e cumprir os seus objetivos, apesar de saber que, para isso, vai ter de se esforçar. Mesmo que tente e não consiga, pode sempre desfrutar da sua vida. Esta mudança de perspetiva, se acontecer e for real, resulta em autoaceitação (em vez de autoestima) e desenvolve tolerância à frustração.
Os truques da autoaceitação
A natureza humana é neutra, como um recipiente que, apesar de conter coisas boas e más (os nossos comportamentos), não pode ser definido pelos mesmos. Por isso, há que apoiar a autoaceitação com pensamentos como «Sou um ser humano capaz de executar papéis e ter comportamentos bons e maus» em vez de se centrar na autoestima com frases como «Gosto de mim tanto quanto me odeio».
Deve evitá-lo a todo o custo, já que esta última leva a conotações implícitas como «Sou uma pessoa boa» ou «Sou uma pessoa má». Neste último caso, a consequência emocional é a depressão e, em casos extremos, o suicídio, já que conduz ao desânimo. Na Europa, segundo dados de 2013, suicidam-se anualmente cerca de 60.000 pessoas, muitas delas devido a problemas de autoestima e de autoaceitação.
Aprenda a tolerar a frustração
Tolerar a frustração é uma das aprendizagens a fazer. Pense «Porque é que não devo agir ou sentir-me mal, como me sinto agora, de nenhuma forma e sob nenhuma circunstância?» e/ou «De onde é que tiro a ideia de que tenho de estar sempre bem e conseguir o que quero?». Questione-se. A vida não é assim para ninguém. Às vezes, as coisas saem ao nosso gosto e desejo, mas outras não. No fim de contas, tudo é sempre uma etapa que acaba por passar.
Nestes momentos, poderá sentir-se incomodado e desagradado com a situação que enfrenta, além de desanimado e até abatido, mas lembre-se que já passou por outras circunstâncias parecidas anteriormente e a sua vida não acabou por causa disso. Se parar para pensar, poderá constatar que o tempo passou e voltou a sentir-se bem. A vida é feita de ciclos e um mau será apenas mais um. Depois da tempestade, vem a bonança, como diz o ditado.
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Como superar o fatalismo
Superar o fatalismo é outra das ações a trabalhar. Privilegie pensamentos e interrogações como «Não ter conseguido o que quero é algo realmente determinante e atroz e conduz-me a um beco sem saída? A vida ainda continua. O que de pior me podia acontecer agora? Ainda assim, a vida continuria. Quando morrer deixo tudo para trás. Comparativamente, tudo isto serão apenas pequenas perdas. Ainda conservo muitas coisas na minha vida que funcionam e aprecio».
Aprenda também a transformar cada perda numa prática de libertação. O perdido já não lhe pertence. Deixe-o ir e não pense mais nisso. Não acrescente sofrimento com a sua resistência em não aceitá-lo. Nestas alturas, a negação é o seu maior inimigo, pelo que tem de fazer um esforço acrescido para não se deixar ludibriar pela sua própria mente. Desfrute da leveza de se libertar e, se for caso disso, livre-se dos pesos mortos, largue as amarras e rume à sua nova vida.
Texto: Madalena Alçada Baptista
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