“Por falta de repouso, nossa civilização caminha para uma nova barbárie”, já escrevia o pensador alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) alertando para o desenfreamento vivido na altura. Não obstante, atualmente, há quem compare os dias à vida selvagem.
O conceito de multitasking (realizar várias tarefas em simultâneo), o acesso inumerável de informação e de atividades, as exigências de que se tem de ser feliz e eficaz, passar muitas horas no escritório a achar que isso é ser produtivo, o viver cada dia exaustivamente, o dormir pouco, parece não representar um processo civilizatório e sim um retrocesso. Senão vejamos, as pessoas tendem a andar mais irritadas, a priorizar bens materiais em vez da saúde, andam cansadas e a lista continua... e tal como referiu o filósofo coreano Byung-Chul Han “Um animal ocupado em mastigar a presa deve tomar cuidado para que, ao comer, ele próprio não acabe comido”.
O cansaço per si não é abrangente a todas as situações; até porque cada um é como cada qual e tem reações diferentes e à partida conhece (ou devia) os seus próprios limites; e por isso os especialistas tiveram a necessidade de o categorizar para assim entenderem melhor os efeitos orgânicos do mesmo. Assim, numa primeira fase temos o que se pode chamar de cansaço. É aquele cansaço “normal”, ou seja, há um esforço físico ou mental e é a consequência disso. Por exemplo, após uma ida ao ginásio e um exame escrito, respetivamente. O que é normal neste caso
é que após uma boa noite de sono e descanso, este cansaço desaparece. Agora, se no dia seguinte e advindos este cansaço permanece e que se sinta desprovido de energia, provavelmente entrou na fase seguinte: fadiga. Nesta, o cansaço é permanente e persistente e pode iniciar alguns sintomas físicos e mentais, tais como anemia e depressão. A irritação é despoletada com facilidade, aumenta a desconcentração, há existência de alguma fraqueza muscular, etc... é aconselhável que repouse consideravelmente. Infelizmente a situação pode não ficar por aqui e, uma vez mais, se prolongada e excessiva, pode galgar para a fase da exaustão. Aqui, provavelmente não se conheciam os próprios limites ou não se tiveram em conta. Os recursos físicos e mentais praticamente não existem, sendo muito difícil contornar a situação. Passa a ser alguém que exagera nos estimulantes (café ou bebidas energéticas) para se manter acordado e dar algum tipo de energia, não produz de igual forma e a tendência é que cometa mais erros. Em suma, aliado a todas as outras caraterísticas das outras fases, fica-se a um passo da depressão.
Se leva uma vida agitada tente, pelo menos, compensar com uma alimentação mais saudável, dormir as oito horas por dia, começar a cortar nas horas extra de trabalho e dê mais do seu tempo à família e/ou amigos.
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