Mais de seis milhões de pessoas seguem o canal no Youtube da Dra. Pimple Popper, alter ego de Sandra Lee, dermatologista norte-americana. O sucesso nas redes sociais - e também na televisão - da Dra. Pimple Popper, assenta numa fórmula simples: sessões de extração de impurezas da pele dos seus pacientes. Sem questionar a utilidade ou pertinência de tornar em ato público uma questão do foro dermatológico, o que Sandra Lee fez, e faz, é construir com coerência, credibilidade e autenticidade o seu ser digital.
Uma presença digital que, nos dias que correm, se tornou, para cada um de nós, uma quase inevitabilidade num universo povoado de algoritmos, de bits e de bytes.
Carolina Afonso (diretora de marketing da Konica Minolta) e Sandra Alvarez (diretora-geral da PHD Media), autoras do livro “Ser Digital - Como criar uma presença online marcante” (edição Casa das Letras), refletiram sobre esta questão, a de encararmos “cada pessoa como uma marca”, genuína, com um objetivo e uma mensagem, independentemente dos objetivos que possa prosseguir, profissionais ou de lazer.
Ao SAPO Lifestyle, a dupla de especialistas responde a questões como a relatividade da utilidade, ou inutilidade, da informação que partilhamos, a consistência da nossa assinatura e de como, com ela, abrimos caminho para conquistar a admiração e a preferência dos nossos públicos: "em Portugal, o pediatra Eduardo Sá é disso um bom exemplo", recordam-nos Carolina e Sandra.
Uma presença digital que não é sinónimo de desumanizar, antes de tornar emocional a comunicação, aprender a contar uma boa história, mas também ter presente que “a credibilidade não é um posto, é algo que se ganha e se perde de um momento para o outro”. E, nunca esquecer, como sublinham as entrevistadas: “uma vez no online, sempre no online”.
Corria 2006 e a revista "Time" elegia cada um de nós como “Pessoa do Ano”, associando esta escolha à revolução digital. Hoje, precisamos deste ser digital para nos concretizarmos como pessoas?
Ser digital, hoje em dia, sobretudo no contexto em que vivemos atualmente, é uma inevitabilidade. Pelo número de horas que as pessoas passam diariamente em plataformas digitais, nomeadamente online. Alguns estudos apontam para números superiores a uma média de quatro horas por dia online, ou até mais, sendo que tal não é exclusivo das gerações mais jovens. Neste contexto achamos importante existir a consciência da importância de ter presença digital.
Esta utilização crescente de meios digitais, em que o telemóvel é mesmo uma extensão de muitas pessoas, relembrando o filósofo Marshall McLuhan, cada vez se torna mais imperativo ter uma presença digital estruturada e pensada e o que este livro pretende é que essa presença de cada uma das pessoas seja relevante para quem o segue e alinhada com o seu propósito de estar em cada uma das redes sociais.
Contudo, ter uma presença no digital não significa necessariamente uma condição para a realização e concretização pessoal. Há pessoas que por opção própria não têm, por exemplo, presença nas redes sociais. Veja-se o caso do Ricardo Araújo Pereira. E tal não faz dele uma pessoa menos bem-sucedida. Contudo, mesmo ele não tendo páginas em redes sociais, o seu trabalho é amplamente divulgado neste tipo de plataformas. Daí a questão da inevitabilidade de se estar online, pois mesmo não sendo em nome próprio, os conteúdos circulam livremente.
O que nós acreditamos é que dada esta inevitabilidade e dando o “digital como algo adquirido”, devemos tomar as rédeas da nossa presença, construindo-a com base nos nossos valores e identidade.
A utilização crescente de meios digitais, em que o telemóvel é mesmo uma extensão de muitas pessoas, relembrando o filósofo Marshall McLuhan, cada vez se torna mais imperativo ter uma presença digital estruturada e pensada.
“O que não registamos nem partilhamos não existe”. A frase é extraída do prefácio do vosso livro. Na ânsia de tanto registarmos, não estaremos a sobrepovoar o espaço digital de informação inútil?
É um excelente raciocínio e coincide exatamente com o que pensamos, ou seja, devemos ser relevantes e partilhar conteúdo importante para quem nos segue. Porém, a questão da “informação inútil” é um tema muito subjetivo, é como discutir gostos e costuma dizer-se que “gostos não se discutem”. Nem todos temos o mesmo nível de formação e os mesmos interesses, independentemente da formação.
Temos que ter abertura de mente e conhecimento das pessoas e do mundo em que vivemos para perceber que nem todos escolhemos o mesmo conteúdo para nos entretermos. Se pensarmos que um dos temas com mais pesquisas e visualizações no Youtube é o “espremer borbulhas” tudo passa a ser possível. A Dr. Pimple Popper é uma dermatologista americana, de nome real Sandra Lee, que é seguida por 6,5 milhões de subscritores e o que faz é retirar as impurezas da pele das pessoas. O que a muitos daria vómitos ver, para outros é um prazer.
Podemos também, e por oposição, falar da quantidade de pessoas que partilham temas muito úteis para outras pessoas, como, por exemplo, viagens que fizeram, o que visitar em cada país que não vem nos guias turísticos, entre outros. Este exemplo serve apenas para mostrar, que o que importa é cada um perceber as áreas onde é bom e explorar esse tema, por um lado e por outro conhecer a sua audiência e perceber o que lhes interessa saber, ouvir e ver.
C0mo explicar a um filho da Geração X [pessoas nascidas a partir dos anos 1960 até o final dos anos 1970], o que é a omnicanalidade?
Da mesma forma que o explicamos às outras pessoas de todas as gerações, ou seja, que é a “capacidade de oferecer uma experiência perfeita e consistente em todos os canais/pontos de contacto, sejam eles online ou físicos”.
Recorrendo a um exemplo prático diríamos algo do género: “Ominicalidade é por exemplo, quando encomendas os teus ténis Nike na loja online da marca conseguires ter o mesmo nível de atendimento através de chat que terias numa loja com o empregado, saberes em tempo real se a cor e tamanho que queres existe disponível, obteres recomendação de artigos complementares, fazeres a compra de uma forma fluída, com formas de pagamento seguras e entregas rápidas. Ou seja, uma experiência de excelência com a marca em todos os canais, fazendo jus ao mote da marca ´just do it`”.
Porém, o que nos parece é que não será necessário explicar isso a pessoas da geração Z e alguns ainda da geração Y (millennials), pois eles próprios assim o exigem às marcas, como nativos digitais que são (considerando as suas datas de nascimento) e penalizam muito as marcas que não o fazem, não lhes reservando espaço na sua mente, no seu coração, nem na sua carteira.
Cada pessoa é única e singular, tem os seus valores e o seu propósito de vida e por isso tem uma identidade própria, tem um nome e vários elementos que a identificam.
No digital a nossa personalidade pode/deve confundir-se com uma marca?
Se pensarmos um pouco percebemos que cada pessoa é única e singular, tem os seus valores e o seu propósito de vida e por isso tem uma identidade própria, tem um nome e vários elementos que a identificam, e com as sua atitudes, opiniões e comportamentos cria a sua imagem para os outros. Por isso podemos dizer que cada pessoa é uma marca. E tal como acontece nas marcas comerciais muitas são “me too”, ou seja, são marcas muito parecidas entre elas, com pouca diferenciação e por isso facilmente substituídas umas pelas outras.
O que tratamos neste livro é exatamente ajudar as pessoas a pensar como poderão ser diferentes, dentro das suas áreas de conhecimento e de lazer. Isso não significa não pertencer a tribos ou a grupos, significa sim ser diferente, olhar de outra perspetiva o mesmo tema e assim conseguir diferenciar-se dos outros.
O mundo está sobrepovoado. A Internet segue esta realidade. Genericamente, o que devemos valorizar se o objetivo for sublinharmos a nossa identidade digital?
Devemos sublinhar a nossa diferenciação, encontrar um tema e uma forma de o fazer que seja realmente diferente do que é feito pelos outros. Esta diferenciação vai posicionar-nos no mundo digital de forma atrativa para quem tem interesse no tema em que somos bons, que podem ser apenas outras pessoas como nós, ou até marcas que tenham interesse a se juntar a nós, pela nossa relevância para o tema e porque os nossos valores se cruzam com os valores dessa marca. Se calhar é mais fácil explicar com um exemplo, numa altura de pandemia, em que tentamos defender o nosso país, a nossa economia nesta pandemia e os produtos nacionais, pessoas que falem sobre Portugal, sobre os nossos produtores e as especificidades dos nossos produtos versus os que são importados, poderá ser uma pessoa interessante para por exemplo uma marca que queira apoiar a produção nacional a se unir.
Provavelmente, muitos leitores perguntar-se-ão qual o alcance e vantagens desta identidade digital vincada. Podem dar-nos alguns exemplos práticos?
Só com uma identidade bem definida, valores alinhados com o seu propósito e um posicionamento bem claro, assente numa diferenciação em relação aos outros é que conseguimos passar a imagem que queremos. A imagem é o resultado final de tudo o resto bem feito. Se começarmos a fazer posts sobre o que nos vai na cabeça em todas, ou algumas, redes sociais tem algum mal? À partida não, desde que tudo seja feito com bom senso e sem ofender a integridade de ninguém.
Contudo, tem algum objetivo em termos da imagem que queremos passar? Provavelmente a ideia que fica é de uma pessoa ativa, mas não passa mensagem nenhuma consistente para ninguém e nunca será visto como expert em nada.
Pelo contrário se o fizermos de forma estruturada e pensada poderemos ser considerados experts em alguma coisa. Um bom exemplo é o pediatra Eduardo Sá, que consistentemente, em todos os seus pontos de contacto com a sua audiência, é sempre consistente no tema que fala, na forma como o faz e na perspetiva genuína e desempoeirada como aborda os temas. O facto de ter 6 filhos acrescenta mais uma camada de autenticidade ao que diz, pois considera-se que sabe o que diz, pois já passou pelo mesmo.
Se começarmos a fazer posts sobre o que nos vai na cabeça em todas, ou algumas, redes sociais tem algum mal? À partida não, desde que tudo seja feito com bom senso
A relação emocional, empática, entre as pessoas é importante. Como delineá-la no digital?
É verdade que no mundo físico quando falamos e trabalhamos a relação emocional e a empatia podemos utilizar os cinco sentidos e ainda o sexto, a intuição, mas quando estamos em plataformas digitais só temos dois sentidos para tirar partido, a visão e a audição, e é por isso que a utilização de fotografias, vídeos, infografias, lives e tudo o que nos facilite a comunicação e aumente o engagement nos potencia a empatia.
No capítulo sobre storytelling abordamos precisamente esta questão. Saber contar histórias no digital implica sabermos como fazer a ativação dos restantes sentidos, para lá da visão e audição que o digital facilita através da fotografia ou do vídeo.
Existem emoções como o humor que facilitam a geração da empatia. É o caso, por exemplo, da "Bumba na Fofinha", que com recurso a um humor muito próprio, com toques de ironia e sarcasmo, consegue ser bastante realista ao relatar diversos episódios do quotidiano de forma a que muitas pessoas se revejam e acabem por reagir através da interação social nas plataformas. Utiliza quase sempre o vídeo, com alguns efeitos especiais para enfatizar as graças que faz e diz.
Outra das formas de gerar empatia é através da humanização. Voltando ao pediatra Eduardo Sá, é também um excelente exemplo de empatia com a audiência, através da humanização da experiência de ser-se mãe ou pai, assumindo que não existe uma educação perfeita, sem falhas. Consegue dar imensa segurança aos pais, pela sua consistência, pois cria uma enorme empatia com os pais ao dizer as verdades que muitas vezes não queremos ouvir e também outras que mostra que somos pessoas normais. Por exemplo quando escreve: “Temos o ‘direito’ a estar ‘fartos’ de aturar os nossos filhos? Temos! E fartos de ´contar até 100` para não nos esganiçarmos …” é genial. Quem nunca esteve? Ambas somos mães e ambas nos encantamos com o que escreve, no seu blogue, nas redes sociais, nos seus livros e como que diz, na rádio, no Youtube, em conferências, etc.
Para termos sucesso neste grande continente digital temos de ser bons contadores de histórias? Está ao alcance de todos contar uma boa história?
Como em tudo na vida, há quem tenha um talento inato para contar histórias. Contudo, para quem não tem o talento inato, existe sempre a opção de o desenvolver. E há que salvaguardar que contar uma história no digital não significa apenas escrever bem, tirar boas fotos ou fazer bons vídeos. Implica o domínio também da tecnologia e das especificidades de cada plataforma. Saber que por exemplo vídeos longos funcionam bem no Youtube mas não tão bem no Instagram. Que as fotografias para estarem otimizadas devem respeitar as dimensões específicas de cada plataforma.
No livro “Ser Digital”, no capítulo “Storytelling” são dados alguns conselhos que nos pareceram úteis para quem quer começar e contar as suas histórias e não sabe como. Saber estruturar as ideias e ser genuíno são duas características importantes. Para se contar uma boa história temos que ter sempre em conta quem a vai ouvir e os temas que lhes interessam. Faz toda a diferença para o sucesso o interesse ou não do receptor. E no capítulo da “Partilha” abordamos a importância das várias plataformas e o que as diferencia, bem como a criação e gestão de uma comunidade. De nada serve contarmos uma boa história, nos formatos adequados e não sermos relevantes para os seguidores. Saber nutrir uma comunidade com conteúdos úteis e que são valorizados é um aspeto importante de saber contar bem uma história no digital, e o engagement, isto é, a interação obtida (seja através de gostos, comentários ou partilhas) acaba por ser uma métrica importante para o aferirmos.
Podemos confundir esta apresentação pessoal como uma atividade comercial?
Podemos e por vezes elas sobrepõem-se e este livro pode ser muito útil para pessoas que começam agora pequenos negócios online e onde sua apresentação pessoal se cruza com a sua atividade pessoal.
Dependendo dos casos poderá fazer sentido separar os temas ou não. De qualquer das formas nestes casos de criação de negócios deverão ser criadas páginas de marca, e não perfis, pois poderão utilizar as ferramentas de comunicação e de análise que as redes sociais têm disponíveis. Bons exemplos que misturam a vida pessoal com o negócio são por exemplo a influencer e empresária “Stylista” e alguns influenciadores de nutrição e de desporto, pois as suas vidas pessoais reforçam o propósito do seu negócio e tornam-no mais credível.
Como em tudo na vida, há quem tenha um talento inato para contar histórias. Contudo, para quem não tem o talento inato, existe sempre a opção de o desenvolver.
Referem o alinhamento entre identidade offline e online. Na realidade, nesta segunda, estamos muito mais expostos, dado o seu alcance e os diferentes objetivos a que nos propomos. Quais são os valores mais importantes na criação desta marca pessoal, considerando que é uma assinatura a que será difícil eliminar posteriormente?
Isso é uma verdade importante de relembrar “uma vez online, para sempre online”. Quando pensamos na imagem que queremos ter e nessa possível “marca pessoal” temos antes que pensar nos objetivos que temos. O que queremos que pensem de nós, como queremos ser vistos no mercado em que atuamos e pelos nossos colegas, vizinhos, amigos e família? Costuma-se dizer que não devemos colocar nada online que a nossa mãe não pudesse ver, mas às vezes estas regras são ultrapassadas. Para nós o valor mais importante é a autenticidade. Só sendo autênticos, genuínos conseguiremos ser credíveis e passar uma mensagem credível. Ser autêntico significa ser real e verdadeiro, contar a verdade. Sermos nós próprios e não tentar ser o que não somos, pois isso é uma realidade efémera. Ser autêntico não significa ter que se contar tudo, (pois cada um define os seus limites de partilha), significa contar com verdade o que decidimos partilhar.
A construção e manutenção deste ser digital, em inúmeras plataformas distintas, atendendo a solicitações crescentes, com todo o cuidado que envolve gerir a nossa marca, não nos exigirá muito tempo?
Uma coisa é certa, há muitas plataformas, mas não temos que estar em todas. Devemos estar apenas nas que fazem sentido para nós e para a mensagem e imagem que queremos passar. E também devemos adaptar a mensagem a cada uma das plataformas que utilizamos, por exemplo no Instagram não faz sentido fazer um post só com texto, sem imagem, ou sem vídeo, mas por exemplo já o podemos fazer num story, se queremos chamar a atenção para alguma mensagem e queremos destaca-la cruamente só em texto, como também o podemos fazer no Twitter. Mas existem muitas hipóteses de plataformas que nos ajudam a gerir, por exemplo as várias redes sociais digitais em simultâneo, agendando publicações, vendo estatísticas dos resultados do que fazemos, etc. Falamos disso no livro “Ser Digital” no capítulo “Timing”.
A credibilidade é um fator muito importante na construção desta identidade. Mas, será que esta credibilidade é sinónimo de imparcialidade, juízo isento? Por exemplo, o caso particular de influenciadores e blogueres.
A credibilidade não é um posto, é algo que se ganha e se perde de um momento para o outro. E cada um dorme na cama que faz. Um influenciador que num curto espaço de tempo comunica marcas concorrentes, uma como sendo “a melhor” num mês e no mês seguindo sendo “a melhor” a sua concorrente claro que perde a credibilidade.
Mas nós também somos pessoas, como são os influenciadores e também sabemos que gostarmos de chocolate “Mars” não implica não gostar de chocolate “Lindt” por exemplo, pois nós próprios podemos ser consumidores de ambos. Como tal, em conclusão, os influenciadores, sejam blogueres, vlogueres ou celebridades, devem encontrar uma forma de poder trabalhar com marcas, pois muitas vezes é daí que advém o seu rendimento, mas fazê-lo de forma transparente (dando sempre conhecimento que se trata de publicidade) e honesta, trabalhando apenas com marcas que na realidade poderiam usar e nunca deixando de lado os seus valores e propósito, pois isso vai afetar a sua credibilidade.
Não corremos o risco de, ao fazermos do mundo um lugar “instagramável”, compormos uma ficção perigosa, porque alheada do real?
Se nos deixarmos deslumbrar pela ficção e não formos genuínos podemos alhear-nos do real, mas criar um mundo instagramável pode simplesmente significar ter cuidado com os ambientes que utilizamos, pois ninguém gosta de ver fotografias feias, maltratadas, com má luz e falta de resolução. Ter cuidado não significa ser irreal e viver um mundo de mentira.
Uma coisa é fabricar a realidade e correr-se o risco de ser viver preso dentro de quadrado de Instagram e reger a vida em função da validação social. E esta vertente sim, é perigosa, não só do ponto de vista psicológico com a construção de um alter-ego em alguns casos, como do ponto de vista social. Recentemente temos o caso da Natalia Taylor, uma influenciadora que tem mais de 300 mil seguidores no Instagram, onde partilhou fotos de uma (suposta) viagem a Bali. No entanto, num vídeo posterior, Natalia mostrou como a viagem nunca existiu, como forma de alertar precisamente para esta questão da ficção perigosa que refere na questão que nos colocou.
No capítulo da Credibilidade, na entrevista com a arquiteta de interiores e designer, Gracinha Viterbo esse tema é abordado, na perspetiva não de se criar um universo paralelo e de ficção, mas sim de haver critério e seleção dos momentos partilháveis e um cuidado com estes tendo em conta a nossa identidade, valores e estilo.
Manter o interesse da nossa audiência nas redes sociais é semelhante às dietas restritivas. Não basta perder peso, há que o manter no tempo. No caso da audiência no digital que conselhos dariam a quem pretende manter a chama acesa?
Criar bom conteúdo é a forma de manter a audiência interessada e a chama acesa. A interação com a audiência também nos ajuda, não só a perceber o que a audiência quer, mas também a criar engagement e relação emocional e empatia.
Manter horários de publicação fixos para que as outras pessoas saberem quando vão publicar também é importante, para manter o interesse e corresponder às expectativas. Mas também haver momentos de “real time”, é importante. Até porque a vida é assim mesmo, previsível em alguns momentos e imprevisível noutros.
Todos os dias há formatos novos que podemos utilizar, aplicações que nos permitem melhorar a forma como comunicamos e também a ser mais interativos. Não tenham medo de errar e de testar. Utilizem as estatísticas dos sites, blogues, vlogues e redes sociais para perceber o que funciona e o que tem que ser otimizado.
Criar bom conteúdo é a forma de manter a audiência interessada e a chama acesa.
Encerramos com uma frase retirada das notas finais do vosso livro: “ninguém disse que era fácil”. Vivemos um tempo em que o ritmo acelerado das nossas vidas digitais é aliado da perseverança?
O tempo já foi anunciado por vários autores como o bem mais precioso, que todos temos em igual quantidade e cada um faz com o seu tempo o que quer.
As vidas agitadas coadunam-se com organização, planeamento, perseverança e resiliência, senão é muito fácil deixar para amanhã o que poderíamos fazer hoje e para depois de amanhã também e acabamos por não fazer nada do que nos comprometemos. Mas também não temos que viver fechados num plano que fizemos e não podemos fugir. Flexibilidade é outra das características que temos que ter ou desenvolver, pois diariamente as coisas mudam e temos que nos adaptar, especialmente para não perdermos oportunidades.
Ambas temos vidas profissionais muito ativas com muitas atividades, filhos e compromissos em simultâneo e um truque que usamos para nos auto motivar e não deixar nada para trás é partilhar com pessoas próximas os nossos objetivos, pois essa partilha faz com a que nossa motivação aumente, uma vez que ninguém quer “falhar aos olhos dos outros”. Ser realista na definição dos objetivos também ajuda bastante, bem como não termos sentimentos de culpa caso algo falhe ou não ocorra conforme desejávamos.
As autoras responderam por escrito às perguntas do SAPO Lifestyle.
Comentários