“Os voos associados aos principais aeroportos portugueses, considerados apenas num sentido (e não ida e volta), resultaram em 4,75 milhões de toneladas de emissões de gases com efeito de estufa em 2018,”, indicou a Zero, com base em dados do Airport Tracker, uma ferramenta lançada pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente, da qual a associação ambientalista Zero faz parte.

O aeroporto de Lisboa é, de acordo com a mesma fonte, o principal responsável por emissões associadas aos voos de partida, com 3,03 milhões de toneladas de gases com efeito de estufa (64% do total de emissões), seguindo-se o do Porto, com 9,77 milhões, e o de Faro (0,57).

A informação disponibilizada por esta ferramenta ‘online’ que cobre 99% dos voos de passageiros revela que apenas 20 aeroportos foram responsáveis por 27% das emissões de CO2 do transporte aéreo de passageiros.

A análise feita pela Zero mostra ainda que 44 aeroportos criaram cada um mais CO2 ao longo de um ano do que uma central térmica a carvão.

“O Airport Tracker permite visualizar as profundas desigualdades socioeconómicas da aviação: os aeroportos acima estão predominantemente localizados na Ásia-Pacífico, América do Norte e Europa, sendo que os voos de passageiros de apenas 20 cidades criaram emissões de CO2 equivalentes a uma economia de médio porte, como a de Espanha”, exemplifica a associação num documento hoje divulgado.

Os voos de passageiros que partem de Londres Heathrow, Paris Charles de Gaulle, Frankfurt, Amsterdam Schiphol e Madrid Barajas emitem 53 milhões de toneladas de CO2, segundo a mesma fonte.

Dos 346 aeroportos europeus analisados, 10 são responsáveis por 42% das emissões de CO2 de passageiros da região e quatro desses 10 estão em apenas dois países: Reino Unido e Alemanha.

“Todas estas emissões estão isentas de imposto sobre combustível, das quais menos de 15% são cobradas nos esquemas de comércio de licenças de emissões da União Europeia e do Reino Unido. Estes esquemas incluem apenas voos domésticos e na UE, o que significa que os voos que saem da Europa não estão incluídos”, sublinha a associação num documento hoje divulgado.

Na leitura da Zero, os ganhos de eficiência obtidos pela aviação foram superados pelo crescimento do tráfego.

“No futuro, aeronaves elétricas a bateria podem ser adequadas para voos mais curtos e aeronaves movidas a hidrogénio são mais promissoras para viagens de longo curso. No entanto, uma vez que mesmo os principais fabricantes acreditam que os motores a jato tradicionais dominarão até 2050, essas tecnologias provavelmente não chegarão a tempo de limitar o impacto climático do setor para cumprir as metas globais de descarbonização”, adverte.

“Para a Zero é fundamental considerar-se o total das emissões associadas ao total dos voos nos objetivos de neutralidade climática e não incluir apenas os voos domésticos e as emissões associadas às aterragens e descolagens”, lê-se no comunicado emitido pela associação.