Um relatório da Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa revela que as pessoas compram mais roupa do que no passado e que não vestem nem metade da que compram.
Em média, anualmente, são descartados quase 32 quilos de sapatos e vestuário, em vez de reciclar ou doar, segundo o World Wear Project.
Estamos cada vez mais desapegados à roupa que compramos, deixando-nos levar pela ideologia da 'fast fashion' - compramos peças a preços muito baixos já com a ideia de que podem ser descartadas facilmente por essa mesma razão. Além de que, a forma como as coleções de roupa destas cadeias [Zara, H&M, Primark...] são concebidas parecem-nos impingir grandes quantidades de roupa para nos manter na onda das tendências da moda.
A forma como estamos a lidar com a pandemia provocada pela Covid-19 parece ser o momento oportuno para avaliar os nossos métodos de compras e ponderar algumas mudanças importantes. Saiba quais.
Comprar menos, mas de forma inteligente
Ter menos peças de roupa ajuda-nos a simplificar as nossas rotinas e, principalmente, o nosso armário. Criar um guarda-roupa apenas com artigos de que gostamos significa passar menos tempo a procurar e escolher e doar peças que já não queremos.
Já pensou em criar um 'guarda-roupa cápsula'? A ideia é bem simples: escolher peças essenciais e versáteis, que combinem entre si, para que possa usá-las de diversas formas. Durante uma estação, só poderá usar essas roupas. Atualmente, nas redes sociais há vários desafios a circularem com diferentes formatos, números limites de peças e tempo para a sua utilização.
Compre em segunda mão ou coleções de moda sustentável
Comprar em segunda mão é uma boa maneira de reduzir a pegada ecológica e tem vindo a aumentar de popularidade, tal como os espaços vintage e solidários. Sabe quem também ganha com estes método? O clientes, uma vez que os preços são mais acessíveis.
Um número crescente de grandes empresas também se está a focar na criação de vestuário sustentável. Toda a informação é facilmente encontrada em muitos dos sites dos retalhistas.
A organização importa
Antes de comprar, avalie alguns critérios para ter certeza de que aquele ‘item-desejo’ se adequa à sua identidade visual e se ficará bem no seu guarda-roupa. Será que a peça que quer comprar tem a mesma expressão de outra que já possui? Não compre peças apenas por estar na moda, nem compre 10 calças da mesma cor.
Para ser um consumidor de vestuário mais responsável, temos de começar por ordenar o guarda-roupa, pondo de lado as peças que já não gostamos e depois organizamos as que ficam. Separar por categorias e de forma a que estejam bem visíveis.
Se o espaço no armário ou na gaveta não for suficiente para guardar tudo há duas opções: criar espaço adicional ou doar/reciclar depois de uma segundo ronda de vistoria.
Doar e reciclar com conhecimento e responsabilidade
Doar ou reciclar serão sempre, sempre, melhores opções do que deitar roupa ao lixo. Aqui também há várias opções para a roupa que já não queremos:
1. Informar-se de quais são as instituições de cariz social que aceitam roupa para depois doar aos mais desfavorecidos;
2. Entregar em lojas de retalho [H&M, C&A, por exemplo] para ser posteriormente reciclada e ganhar vales ou descontos em futuras compras;
3. Doar a um familiar.
Importante realçar que nenhuma das opções acima deve servir de desculpa para continuar a comprar roupa de forma descontrolada.
"A indústria da moda está a enfrentar mudanças importantes na forma como se fabrica o vestuário e todos podemos fazer parte do esforço global para reduzir o desperdício com apenas um pequeno esforço adicional, organizando os nossos roupeiros, comprando menos, as de forma inteligente, e descartando de forma responsável", pode ler-se num artigo do The Washington Post.
Já pensou em reduzir o número de peças do seu armário para 37? Ora corra até lá e comece a contá-las.
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