O estudo, da associação ambientalista Zero, é divulgado hoje, Dia Internacional dos Resíduos Elétricos, e dá conta de que a não recolha adequada dos gases de refrigeração dos frigoríficos levou à libertação de 78,6 toneladas desses gases, que são equivalentes a 226 mil toneladas de dióxido de carbono.
Os gases de refrigeração utilizados nos frigoríficos possuem, muitos deles, um elevado potencial de aquecimento global, nota a Zero num comunicado sobre o estudo e sobre o Dia Internacional dos Resíduos Elétricos, instituído para sensibilizar a população mundial para a importância da reciclagem e reutilização dos resíduos em causa.
Deixar que esses gases se libertem “equivale aos gases de estufa libertados em 2,6 milhões de viagens ida e volta de um carro a gasolina entre Lisboa e o Porto”, salienta-se no comunicado.
Segundo os dados da associação, em 2020 apenas foram recolhidos e encaminhados para tratamento adequado 27,8% dos frigoríficos que foram descartados nesse ano, pelo que nos restantes o gás na espuma e nos compressores dos frigoríficos acaba por ser libertado para a atmosfera.
Mas a Zero alerta também que cerca de 40% dos frigoríficos que chegam às empresas de tratamento já não possuem compressor (motor), sendo que em muitos dos casos os compressores contêm pouco ou nenhum gás, uma vez que possuem os circuitos exteriores danificados.
No estudo a Zero identifica três razões para a “má gestão dos frigoríficos”, uma delas porque a maioria dos comerciantes não recolhe o frigorífico velho quando entrega um novo.
Apesar a lei obrigar a essa recolha, diz a Zero que os dados indicam que a lei não está a ser cumprida e que só 30% dos frigoríficos usados estão a ser recolhidos e encaminhados para tratamento.
Outro motivo para a má gestão, ainda de acordo com o comunicado, prende-se com o ecovalor pago por quem coloca os frigoríficos no mercado ser demasiado baixo para cobrir os custos de recolha e tratamento, e o terceiro com a falta de inspeção das empresas (sucateiros) que recebem ilegalmente frigoríficos usados e não tiram nem tratam os gases de refrigeração.
No Dia Internacional dos Resíduos Elétricos o Electrão, uma das entidades gestoras de, nomeadamente, equipamentos elétricos e eletrónicos, divulgou também um estudo internacional que dá conta que em cada casa europeia existem em média 74 pequenos equipamentos elétricos, 13 deles fora de uso, ainda que sete deles funcionem (só não são utilizados).
O estudo, entre junho e setembro deste ano, baseou-se num inquérito em seis países: Portugal, Países Baixos, Itália, Roménia, Eslovénia e Reino Unido.
Num comunicado o Electrão cita estimativas que indicam que estão em utilização no mundo cerca de 16 mil milhões de telemóveis, com cerca de 5,3 mil milhões a ser transformados em resíduos até final do ano, ainda que só uma pequena parte seja corretamente encaminhada para reciclagem.
Além de telemóveis, outros pequenos aparelhos elétricos são muitas vezes colocados no lixo comum, perdendo-se assim materiais raros que podiam ser reaproveitados, nota-se no comunicado.
Segundo o Electrão os telemóveis lideram em Portugal os equipamentos elétricos que os portugueses mais acumulam em casa sem utilizar, seguindo-se os acessórios de informática e os pequenos eletrodomésticos.
O estudo indica que o que principalmente leva os portugueses a conservar equipamentos que não usa é a crença de que poderá usar esses objetos no futuro.
A propósito do dia que hoje se comemora o Electrão desenvolveu uma instalação de equipamentos elétricos na zona de Belém, em Lisboa, para alertar para a importância da reciclagem dos equipamentos elétricos usados e para o papel e a responsabilidade que cada cidadão tem nesta ação.
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