Guillaume Legros, mais conhecido como Saype no meio artístico, faz pinturas em relva desde 2015, numa espécie de fusão entre arte urbana e Land Art (tipo de arte em que a natureza é a própria tela).

Os materiais usados para a pintura derivam de produtos naturais como carvão, proteínas do leite e giz, sendo a sua permanência temporária, para que o impacto na natureza seja o menor possível, fazendo desta um tipo de arte efémera.

Apaixonado por filosofia e pela natureza humana, Saype retrata quase sempre temas que convidam à reflexão sobre o papel do Homem no mundo e na sociedade, motivo porque escolheu a atual crise global como pano de fundo para o seu trabalho.

A mais recente obra do artista francês intitula-se 'un nouveau souffle' [um novo fôlego em português] e mostra uma criança a soprar as nuvens em direção ao horizonte. O 'fresco' tem 1.500 metros quadrados e encontra-se em Moleson-sur-Gruyeres, na Suíça [foto de capa].

Landart project Beyond Walls by Saype in Cape Town
Saype é o artista por detrás das criações em colinas e montanhas VALENTIN FLAURAUD FOR SAYPE

Guillaume Legros era um enfermeiro com jeito para o desenho. Quando não estava a cuidar dos seus pacientes, trocava a bata e a seringa pela máscara e spray e procurava os melhores lugares para 'grafitar'. Com desenhos de cariz humanitário e social, o artista francês pintava nas estações de metro e edifícios abandonados. Contudo, rapidamente percebeu que a poluição urbana eclipsava a sua arte.

Em 2015 fez a sua primeira obra [L' Amour] nos Alpes franceses e em 2019 a Forbes considerava-o um dos jovens mais influentes desse ano.

Preocupado com as alterações climáticas, Saype recorre a materiais sustentáveis e biodegradáveis para não causar danos na natureza, que é, ao mesmo tempo, a sua tela. Como não existia, na altura, criou a sua própria tinta. E precisou de muita tinta, uma vez que os seus desenhos podem chegar a ter 10 mil metros quadrados.

Saype chegou a desenhar nos famosos Champs de Mars - à frente da Torre Eiffel - em Paris ou nas imediações da sede europeia das Nações Unidas, em Genebra, Suíça.

“Vejo a minha obra como um ato filosófico comparável à da minha existência, que também é efémera, como é a de todas as pessoas. A nossa vida está destinada a tornar-se num pequeno rasto da nossa passagem por este mundo”, disse o artista em entrevista ao jornal inglês The Guardian.

Nome da obra: Un nouveau souffle [um novo fôlego]
Guillaume Legros, mais conhecido por Saype, mostra o esboço da sua obra EPA/VALENTIN FLAURAUD

Se ficou curioso, veja na galeria mais imagens de algumas das obras de Saype.

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