O veganismo e o vegetarianismo são alternativas cada vez mais populares em termos globais. Analisando as faixas mais jovens da população, nomeadamente os estudantes universitários, esta é uma prática comum em Portugal?

Através dos dados revelados pelo estudo de Nielson para o Centro Vegetariano é possível verificar que o vegetarianismo quadruplicou e que o veganismo duplicou num espaço de 10 anos. Para além destas estatísticas, é possível verificar que existe uma tendência no aumento da adopção destes regimes alimentares, por parte dos consumidores, através do aumento de ofertas, quer em restaurantes quer da indústria, com opções versáteis que vão ao encontro das regras destes regimes. Sendo os milennials uma geração que explora, procura respostas e apresenta mente aberta para regimes alternativos, pode-se dizer que contribuíram com grande expressão para o aumento de vegetarianos e vegans.

O que é uma dieta vegana? O veganismo é muito mais do que um regime alimentar, é uma forma de encarar a vida?

O veganismo acaba por ser mais que um regime alimentar, é um estilo de vida. Ser vegan implica fazer uma restrição de todos os alimentos e produtos que derivem da carne e que possam implicar crueldade para os animais na sua produção, por exemplo: vestir lã ou usar cosméticos testados em animais. De uma forma resumida, pode-se dizer que ser vegan significa viver de forma a criar e desenvolver alternativas que beneficiem os animais, humanos e o ambiente.
E se todos fossemos vegan iria ter um impacto positivo no planeta?

Vamos imaginar um mundo onde ninguém consumia produtos de origem animal. Numa fase inicial iria-se verificar uma redução quer da emissão de gases quer da pegada ecológica, pois sabe-se que a produção de carne e lacticínios tem um impacto significativo nestes parâmetros. No entanto, à medida que a produção de fontes vegetais aumentava iria-se verificar o seguinte:

- Impacto negativo na economia e na taxa de desemprego;

- Aumento da produção de alimentos de origem vegetal de forma industrializada para poder dar resposta às necessidades de todos os cidadãos;

- Desgaste dos recursos naturais pela plantação e cultivo massivo;

- Possível escassez de alimentos no futuro;

Ser vegan tem benefícios para a saúde?

Sempre que é retirado um grupo de alimentos sem o acompanhamento de um profissional de saúde, neste caso um nutricionista, há possíveis riscos para a saúde. Cada grupo de alimentos tem a sua especificidade e para ser retirado da alimentação é preciso saber que alimentos ou conjugações de alimentos é necessário implementar, não descartando a necessidade do recurso a suplementos alimentares.

Sabe-se que é nos alimentos de origem animal que podemos encontrar e obter proteína de boa qualidade, ferro, ómega-3, vitamina B12, cálcio, vitamina D e iodo. É é certo que alguns destes nutrientes podem ser encontrados em alimentos de origem vegetal, o problema verifica-se na baixa capacidade que o nosso organismo tem de conseguir absorver se a fonte for de origem vegetal. Deste modo, passa a ser necessário recorrer a um ou mais suplementos alimentares para evitar carências e as suas respetivas patologias.

Quando se fala em haver benefícios para a saúde neste tipo de regimes alimentares prende-se, principalmente, aos seguintes fatores:

- Aumento do consumo de hortofrutícolas - origina um aumento significativo da ingestão de diversos micronutrientes, fibra, água e compostos antioxidantes e anti-inflamatórios;

- Diminuição da ingestão calórica – origina uma diminuição de todas as patologias que se podem desenvolver com o excesso de massa gorda;

- Diminuição de gorduras saturadas e trans – origina uma diminuição de todas as patologias que se podem desenvolver pelo excesso de consumo de gordura, como doenças cardiovasculares e dislipidémias;

Quero, no entanto, salientar mais uma vez que qualquer mudança a um plano alimentar deve ser feita com o acompanhamento de um nutricionista para que se consiga garantir que não há nenhuma carência alimentar.

Em conclusão

Neste momento verifica-se um consumo de carne excessiva e um baixo consumo de hortofrutícolas e peixes gordos, originando não só problemas de saúde como problemas ambientais. Passar para o extremo de excluir todos os alimentos que derivem de animais irá causar, na mesma, problemas de saúde e ambientais. Como se costuma dizer é no meio que está a virtude.

As explicações são de Leonor Santos Loureiro, nutricionista da Clínica CUF Nova SBE.