É uma tarefa diária, por vezes difícil, que exige responsabilidade e empenho. Nunca se esqueça: a criança aprende, sobretudo, pelo exemplo que tem em casa, com o que vê e ouve todos os dias. Os nossos erros e inseguranças, por muito que os tentemos esconder, nunca escapam ao olhar atento dos mais pequenos e tendem a ser replicados - afinal, somos olhados como modelos de comportamento, mesmo quando erramos. E quanto mais cedo as crianças tiverem consciência do que é certo ou errado melhor. Sendo, igualmente, essencial que aprendam a ter orgulho e respeito por si próprios.
A construção da autoestima do adulto tem início na infância - é uma das principais bases para sermos felizes. Saber desenvolvê-la de forma equilibrada e saudável é importante para todas as crianças, em especial para as que têm dificuldades de aprendizagem e de atenção. Se se sentirem amadas incondicionalmente, independentemente das suas qualidades e defeitos tenderão a ter maior confiança e a gostar mais do que veem ao espelho. Uma pessoa com autoestima é alguém capaz de gostar de si próprio e dos outros.
As crianças com forte autoestima têm maior facilidade em correr riscos na vida e de perder o medo de errar - sentem que por mais vezes que caiam conseguirão sempre levantar-se. Elogie a criança pelo esforço, ajudando-a a identificar os seus pontos fortes, contribuindo, assim, para se tornar um ser livre e sem dificuldades ao nível das competências sociais.
Promova a autonomia dando responsabilidades! Não queremos crianças perfeitas, mas que confiem em si mesmas e nas suas capacidades. Alguns estudos recentes indicam que crianças com boa autoestima costumam ter maior rendimento escolar. Ter uma baixa autoestima deixa a criança insegura, com dúvidas das suas capacidades em executar com êxito determinada tarefa.
É preciso auxiliá-los a desenvolver desde pequenos a autoconfiança e o sentimento de que são capazes. Como ajudar?
1. Promova o diálogo
Construa permanentes pontes de comunicação e de reflexão conjunta. Nunca fuja à conversa. Fale e oiça. Estabeleça desafios e metas a atingir e sempre que estiver em dificuldades não tenha problemas em assumir eventuais fraquezas, mostrando logo de seguida o melhor caminho para as superar. Por exemplo: "a minha memória anda tão fraca que vou esquecer-me de comprar a sobremesa para o jantar, vou colocar um lembrete no meu telemóvel para não me deixar esquecer que preciso de ir ao supermercado."
2. Aponte os erros sem criticar
Use o afeto. Os erros são oportunidades de aprendizagem. Quase todos têm solução. Nem sempre é fácil apontá-los a uma criança sem a melindrar, mas é importante que o faça para que esta aprenda a distinguir o que é certo ou errado e não os volte a repetir. A chave é falar sobre os desafios de uma forma que a motive a melhorar sem fazer com que se sinta mal consigo própria. Ou seja, em vez de criticar ofereça-lhe uma meta específica para trabalhar. Por exemplo, em vez de lhe dizer "és um desorganizado que não sabes sequer arrumar o teu quarto, tens os teus livros e roupa espalhados há vários dias", experimente, antes, dizer-lhe: "tens o teu quarto desorganizado, para de jogar playstation e vai arrumá-lo. Tu consegues mantê-lo sempre arrumado porque és uma criança com capacidade de organização." Estes conselhos construtivos contribuirão para desenvolver a respetiva autoestima.
3. Imponha limites
Uma criança que se sinta segura costuma ter maior autoestima. Estabeleça regras claras e firmes de acordo com a idade. E quando os limites são ultrapassados avalie as consequências. A criança precisa sentir que há limites que não devem ser ultrapassados. E se forem devem ser punidos.
4. Elogie os esforços
Não se concentre apenas no resultado final. Elogie a capacidade de contornar obstáculos, o empenho em alcançar cada etapa antes da chegada à meta e a coragem em superar desafios. Elogios sinceros e justos são importantes para desenvolver a autoestima. Valorize o esforço e não apenas quando o objetivo é alcançado. Por exemplo: "estou muito orgulhoso de ti por te ver tão empenhado a estudar para o teste de matemática". O elogio pode ser uma ferramenta importante, mas não é suficiente.
5. Evite comparações
Comparar a criança com outros filhos ou colegas de escola não é uma boa estratégia quando se pretende reforçar a autoestima. É importante que a criança perceba que não é melhor ou pior do que ninguém, apenas diferente. Quando tiver que elogiar, elogie. Quando tiver de corrigir algum comportamento, faça-o, mas não pela criança ser melhor ou pior do que outra. Faça-a sentir que nunca deixará de ser especial pela circunstância de ser diferente. É especial à sua maneira.
6. Respeite os gostos
Aceite-a tal como ela é, mesmo que seja uma criança diferente. Se, por exemplo, quer ser jogadora de basquete ou polícia, não contrarie. Respeite os seus sonhos. Se gosta mais de carne do que de peixe aceite, nunca deixando de enaltecer os benefícios do peixe para a saúde.
7. Valorize os pontos fortes
Esqueça os pontos fracos. Encoraje a criança a desenvolver os pontos mais fortes em vez de se focar nas áreas onde apresenta dificuldades. Isto não quer dizer que apenas incentive a criança a desenvolver as suas capacidades mais fortes, significa um reforço positivo das suas qualidades, em vez de um negativo pela falta delas.
8. Respeite as suas emoções
Quando a criança estiver com receio de algo, por exemplo, um teste de avaliação, não ignore nem desvalorize. Leve a sério as suas emoções. Ajude-a a encontrar estratégias para ultrapassar essa insegurança. E ao saber contorná-las estará a reforçar a sua autoestima.
9. Fuja dos rótulos
Rotular alguém pelos seus defeitos não é aconselhável, muito menos a uma criança. Chamá-la, por exemplo, de "cabeça-no-ar" por se esquecer frequentemente do casaco na escola, ou de "irresponsável" por não fazer os trabalhos de casa, pode levar a criança a interiorizar as suas características e a estar condicionada a elas. Nunca deixe de corrigir os seus comportamentos, mas recorra sempre a frases positivas que possam ser encaradas como um estímulo para evoluir. Por exemplo, depois de um exercício errado de matemática em vez de a criticar utilizando rótulos, porque não dizer "experimenta lá fazer de novo o exercício, mas presta mais atenção ao calculo, tu és capaz"?
10. Mostre amor e afeto
Faça sentir à criança o quanto gosta dela, não apenas quando apresenta uma boa avaliação, por exemplo, no exame de inglês. Mostre que a ama incondicionalmente e que tem um papel central na sua vida.
11. Incentive atividades extracurriculares
Ajude a criança a escolher uma ocupação que lhe dê prazer e na qual consegue apresentar bons resultados. Jogar futebol, hóquei, fazer teatro, por exemplo, podem ser atividades com peso significativo no desenvolvimento da autoestima e do bem estar. Pondere procurar uma atividade extracurricular. A criança agradece e os pais também.
Artigo publicado por SEI - CENTRO DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
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