Muitas vezes as pessoas não dão importância ao excesso de peso da criança pequena. Contudo, o excesso de peso mesmo em crianças muito pequeninas já é prejudicial para a saúde.

Ao consultar os materiais disponíveis nesta secção saberá porque é que a obesidade infantil é considerada uma doença crónica, o que leva uma criança a ficar obesa, e quais as consequências da obesidade para a saúde das crianças. Dedique alguns minutos do seu tempo e descubra porque é que este assunto também lhe diz respeito.

O que é a obesidade infantil?

A obesidade é uma doença que se caracteriza pelo excesso de gordura no corpo em quantidades capazes de prejudicar a saúde. Quando ocorre entre o nascimento e o início da adolescência é chamada obesidade infantil.

A obesidade é uma doença crónica porque não tem uma cura definitiva e deve ser controlada durante toda a vida. Isso quer dizer que, mesmo que uma criança obesa seja tratada e emagreça, terá sempre tendência a engordar novamente.

Como é que uma criança fica obesa?

A maioria das crianças e adolescentes obesos têm a chamada obesidade nutricional, ou seja, engordam porque comem mais do que necessitam. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, são raras as situações em que as crianças e os adolescentes apresentam obesidade por outros motivos, como doenças ou a utilização de medicamentos.

Isso funciona da seguinte forma. Diariamente, as crianças necessitam de energia para o crescimento, o desenvolvimento e o funcionamento do seu organismo. Essa energia vem através da alimentação. São as chamadas calorias. Quando uma criança consome mais calorias do que aquelas que gasta, as calorias em excesso acumulam-se sob a forma de gordura. Com o passar do tempo e a contínua acumulação de gordura no organismo, a criança deixa de ter um peso normal e passa a ter excesso de peso. À medida que a situação se agrava, o excesso de peso aumenta e pode chegar ao grau de obesidade.

Observa-se assim que a obesidade não acontece de repente mas ao longo do tempo. Na maioria dos casos é o resultado de consumos excessivos de calorias, que podem ser pequenos, mas que são repetidos ao longo de dias, semanas, meses e anos.

O que contribui para a obesidade infantil?

A forma mais natural e eficaz de aumentar o gasto da energia consumida com a alimentação é através da atividade física. Por isso, podemos dizer que os maus hábitos alimentares e a pouca atividade física das crianças são os maiores responsáveis pelo aumento do número de casos de obesidade nos últimos anos.

No entanto, é fundamental compreender que existem ainda diversos fatores que influenciam negativamente os hábitos de alimentação e atividade física da criança ou aumentam a tendência de uma criança para ganhar peso. Estes fatores também devem ser tidos em consideração se quisermos prevenir ou tratar a obesidade infantil.

Fatores relacionados com a gravidez

- Obesidade da mãe no início da gravidez;

- Ganhar peso a mais durante a gravidez;

- Fumar durante a gravidez;

- Ter diabetes não controlada durante a gravidez.

Fatores relacionados com a alimentação

- Alimentação por biberão com leite de fórmula nos primeiros meses de vida;

- Começar a comer outros alimentos para além do leite materno ou do leite de fórmula antes dos 4 meses de vida;

- Desrespeito pelos sinais de fome e de saciedade da criança;

- Consumo reduzido de frutas e vegetais;

- Consumo habitual de produtos alimentares com excesso de açúcares e gorduras e de baixo valor nutritivo, como bolos, doces, chocolates, rebuçados, fritos de pacote (snacks), entre outros;

- Consumo frequente de bebidas açucaradas, como refrigerantes, sumos e leites aromatizados;

- Consumo excessivo de calorias;

- Consumo regular de refeições fora de casa;

- Petiscar entre as refeições.

Fatores relacionados com a atividade física e o sono

- Passar muito tempo em atividade de ecrã, como ver televisão e utilizar computadores, telemóveis e videojogos;

- Fazer pouca atividade física;

- Dormir menos horas que o necessário.

Fatores relacionados com os pais, a família e outros cuidadores (amas ou outros em instituições como creches e jardins-de-infância)

-Obesidade dos pais;

- Obesidade em familiares próximos;

- Maus hábitos de alimentação e atividade física dos pais e pessoas mais próximas;

- Falta de conhecimento dos pais e outros cuidadores acerca da alimentação saudável.

O que pode acontecer a uma criança obesa?

A obesidade infantil está associada a uma série de consequências negativas para a vida das crianças:

Consequências ao nível da saúde da criança: como consequência da obesidade é cada vez mais frequente encontrar crianças com colesterol elevado, tensão alta, diabetes, problemas ortopédicos, doenças do fígado, entre outros problemas de saúde.

As crianças obesas têm também um maior risco de sofrer de problemas sociais e psicológicos, como dificuldades na relação com outras crianças e baixa autoestima.

Consequências na vida adulta: a obesidade é uma doença crónica. Uma criança obesa terá sempre tendência para continuar obesa ou voltar a ser obesa durante toda a sua vida. Sabe-se que mais da metade das crianças com excesso de peso na infância terá excesso de peso no início da sua vida adulta. Além disso, todas as crianças obesas têm maior tendência a sofrer de diabetes ou de doenças cardiovasculares na vida adulta.

Obesidade infantil: um problema nosso

Combater a obesidade infantil é um dos maiores desafios para a saúde pública no século XXI. Trata-se de um problema crescente ao nível mundial, que afeta não só os países ricos, mas também países de baixo ou médio rendimento.

A Organização Mundial de Saúde estima que em 2010 havia em todo o mundo cerca de 42 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade com excesso de peso. A situação em Portugal é bastante preocupante uma vez que Portugal é um dos 4 países da Europa com o maior número de crianças com excesso de peso aos 4 anos.

Infelizmente é comum que as pessoas não se preocupem com o excesso de peso e a obesidade em crianças pequenas. Muitos acreditam que uma criança gordinha é uma criança saudável. Outros pensam que o excesso de peso passa sem causar danos, à medida que a criança cresce. Mas sabe-se hoje que até mesmo o excesso de peso já tem um impacto negativo na saúde dos mais pequeninos.

A obesidade deixa sempre marcas e todos aqueles que tenham oportunidade devem ajudar a combater este mal.

Para mais informações consulte www.papabem.pt