A figura paterna continua a ser vista como uma figura de vinculação secundária, algo que é importante desmistificar.
A relação de vinculação é definida como um laço emocional forte que se estabelece por volta dos 7/8 meses de idade da criança e que permite criar uma relação privilegiada entre a criança e uma ou mais figuras estáveis na sua vida. Esta relação vai sendo construída ao longo do desenvolvimento da criança e, consequentemente, quando criadas num ambiente estável, sensível e responsivo, irá desenvolver uma vinculação segura.
Neste sentido, entende-se que as crianças ficam vinculadas tanto aos pais como às mães, desde que nascem.
O papel de pai é distinto e complementar ao papel da mãe. Ambos contribuem para uma maior flexibilidade mental e adaptativa no desenvolvimento da criança. Por norma, as mães estão mais associadas à prestação de cuidados básicos e os pais a interações lúdicas, o que é uma mais valia para a criança, que acaba por ser estimulada de formas diferentes.
Contudo, ao longo do tempo tem-se observado cada vez mais à cessação desta distinção, devido às alterações sociais e da forma como os papeis parentais são representados e vividos atualmente.
No entanto, apesar desta reestruturação do papel dos pais, hoje e sempre, a importância da figura paterna na vida de uma criança mantém-se.
Neste sentido, o envolvimento do pai, a sua participação ativa e a afetividade na vida da criança, influenciam o desenvolvimento intelectual, emocional e social, promovendo a segurança, autoestima, resistência às frustrações e autonomia. Esta criança tornar-se-á assim um adulto resiliente, seguro, prudente e mais feliz.
Pelo que é importante ressaltar aqui que a presença do pai jamais poderá ser delegada ou compensada por bens materiais (brinquedos, roupas, viagens ou outros). Pois mais tarde, na fase da adolescência, os filhos vêm a figura parental como um modelo para se identificar e, no caso das meninas, para sua autoestima e segurança.
Se por algum motivo o pai biológico não puder estar presente na vida da criança, é importante que outra figura masculina ocupe este lugar (avô, tio ou outro adulto).
Algumas dicas para os pais
– Desde o nascimento do bebé, seja proativo e partilhe os cuidados básicos com a mãe: dê banho, troque fraldas, coloque para dormir;
– Converse com os pediatras, professores e profissionais que acompanham o seu filho;
– Mantenha-se presente nas rotinas dos seus filhos;
– Proporcione momentos de aprendizagem e de estímulos de qualidade;
– Mantenha uma boa comunicação: partilhe os seus sentimentos, questione acerca das suas necessidades físicas, emocionais, escolares, entre outras.
Parte de cada um desconstruir a ideia errada de que apenas a mãe é importante para o desenvolvimento da criança.
Um artigo da psicóloga clínica Marisa Marques.
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