A Lusa acompanhou a sessão dupla do projeto Santo Tirso Lê +, que decorreu na Escola Básica de São Tomé de Negrelos, e que segundo a vereadora da Educação, Sílvia Tavares, surgiu no âmbito do Plano Inovador para a Promoção do Sucesso Escolar.

“Com este intuito de trabalhar com as escolas e num projeto de leitura intergeracional com a colaboração das universidades seniores de Santo Tirso e de Vila das Aves, trazemos a leitura às escolas para criar novos leitores e novos hábitos de aprendizagem”, sintetizou.

Sobre a opção de reunir gerações, a autarca argumentou que “os projetos intergeracionais têm sempre muito bons resultados, porque os seniores vão partilhar o conhecimento adquirido ao longo de uma vida com as crianças”, desta forma promovendo ”uma partilha muito grande de experiências e de conhecimento”.

A diretora da escola, Severina Fontes complementou a informação, referindo-se aos alunos do pré-escolar, defendendo que o “projeto prepara os meninos para o I Ciclo – a maior parte deles ainda não sabe ler -, mas ouvem, ouvem histórias e começam a saber interpretar, memorizam algumas lengalengas e isso é importante na passagem para o I Ciclo”.

“Também temos parcerias com a universidade sénior no sentido contrário, com os seniores a virem às nossas escolas aprender com os nossos alunos mais velhos na área da informática, onde tem menos literacia, enquanto os nossos alunos são da era digital”, acrescentou.

Teresa Miranda, de 81 anos, foi uma das alunas da Universidade Sénior de Santo Tirso que leu o conto “Os ovos misteriosos”, da escritora Luísa Ducla Soares, madrinha do projeto, aos cerca de 20 alunos do pré-escolar presentes na sala.

“É uma história que os vai ajudar a perceber as diferenças que existem entre as espécies animais”, começou por explicar à Lusa sobre o conto, antes de expressar que o convite para participar no projeto representa uma espécie de regresso ao passado.

“[O convite] foi muito bom, também fui educadora de infância e para mim é um retornar à minha atividade. Já cá estive na semana passada e gostei muito. É sempre bom voltar aos nossos dias de juventude”, acrescentou antes de, com a colega do lado, iniciar a leitura do conto, acompanhada por um teatro de marionetas para ajudar os mais pequenos a entender o sentido da história.

Meia hora depois, no auditório da escola, aqui para cerca de 60 alunos do I Ciclo, foi a vez de Maria Henriques, de 72 anos, e outra colega da Universidade Sénior de Vila das Aves, lerem o mesmo conto.

“Recebi o convite de bom grado, gosto de partilhar e de interagir com as crianças, sou avó, e estou habituada a interagir com eles e acho isto muito interessante porque ajuda a unir gerações que, às vezes, infelizmente estão tão afastadas e isto facilita a proximidade entre elas”, disse.

Este segundo momento teve também três alunos do 3.º e 4.º anos entre os leitores, e como todos os pormenores contam, havia também sopa de letras, simetrias entre imagens e letras e puzzles, auxiliares que, segundo fonte da autarquia, podem ajudar os professores a identificar algumas dificuldades nos alunos ao nível da leitura.

“Esta opção é melhor do que trabalhar planos individuais de recuperação depois dos efeitos na leitura causados pela pandemia”, defendeu Silvia Tavares na breve intervenção que precedeu o início deste segundo momento.