Ser mulher implica representar vários papéis, implica exigências e implica um sem fim de julgamentos. Precisamos de enaltecer as mulheres, precisamos de celebrar a sua importância assinalando um dia no calendário que nos permite glorificar a mulher e trazer para a discussão pública - e para as nossas escolas - que toda as mulheres têm direitos, que todas as mulheres merecem respeito e compreensão relativamente às suas escolhas, à sua forma de ser e de pensar.
A verdade é que devíamos educar diariamente para a importância da igualdade entre mulheres e homens, e principalmente para a liberdade que quer mulheres, quer homens, podem e devem ter no seu dia a dia.
Por muito que queiramos acreditar que cada vez menos a diferença entre homens e mulheres é notória, a verdade é que nascer menina ainda pode ser uma desvantagem, que se pode exponenciar consoante o meio sociocultural em que nasce. Podemos pensar em alguns exemplos que nos mostram as diferenças:
- Na adolescência os pais têm tendência a ter mais receio de deixar as meninas sair à noite, viajar com amigas ou arriscar. Apesar de os pais o fazerem com amor, fazem-no porque a sociedade não é igualitária e as meninas ‘precisam’ de mais proteção, porque são com mais frequência alvo de violência seja ela física ou sexual, ou outra.
- As meninas são educadas para a sexualidade de forma diferente sendo incentivadas à contenção e à não expressão das suas necessidades. O exemplo mais simples é a forma como a sociedade olha para uma adolescente - ou uma mulher - que se tiver vários parceiros sexuais rapidamente é julgada e ‘mal-vista’ por quem está ao seu redor, mas se um homem tiver vários parceiros sexuais é rapidamente enaltecido.
- As meninas são sempre muito mais orientadas para seguirem os padrões da sociedade, exigimos que as meninas cresçam, casem, cuidem da casa, tenham filhos e ainda assim, consigam ser bem sucedidas na carreira. Quando isto não acontece, há uma facilidade incrível em julgar. Este julgamento acontece até pelas pessoas de proximidade e tem consequências grandes no bem-estar emocional e social das mulheres.
Há muito mais para além destes exemplos que nos podiam fazer refletir sobre as diferenças entre a forma como olhamos para as mulheres e para os homens, e como ainda hoje em dia não educamos para a igualdade.
Assim, nós enquanto sociedade, precisamos de deixar que as mulheres - e os homens - representem todos os papéis que desejarem, independentemente do seu género. Nunca nos afastando da ideia de que uma mulher não é menos mulher porque não quer ter filhos, porque decide investir na carreira, porque não sabe cozinhar, ou porque prefere não utilizar saltos altos. Uma mulher deve ser, em primeiro lugar livre, para ser tudo aquilo que ela quiser e sentir! Enquanto houver uma menina que ao nascer está condicionada, todos nós - homens e mulheres - nos devíamos sentir presos e educar para a igualdade.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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